São Paulo, quinta-feira, 05 de outubro de 2006

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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA

Tucano admite ao PFL erro em aliança

Alckmin diz a aliados que se precipitou ao aceitar posar para foto com Garotinho e reconhece abalo a seu discurso ético

Presidenciável subestimou reação negativa de grupo de Cesar Maia, mas acredita que impacto da aliança não deve durar mais que 2 dias


DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, admitiu, ontem, em conversas, que se precipitou ao posar ao lado do casal Garotinho. À noite, numa audiência com o líder do PFL na Câmara, Rodrigo Maia, disse que, se soubesse que daria tanto problema, não teria concordado com a foto. Mas alegou que foi "atropelado": o ex-governador Anthony Garotinho foi quem insistiu.
Ao longo do dia, Alckmin chegou a reconhecer que a crise abala sua trajetória ascendente e seu discurso ético. Mas, tranqüilizado por tucanos, apostou numa sobrevida de dois dias para o problema. Alckmin também argumentou que não poderia prever o seu impacto, porque essa não foi a reação de Rodrigo na noite de segunda-feira, quando recebeu um telefonema do presidente do PSDB, Tasso Jereissati.
"Se alguém te liga meia-noite e meia é informando, né? E falei da rejeição ao Garotinho", justificou Rodrigo.
Após passar o dia repetindo que "Tasso é o mister Magoo, que não enxerga um palmo à frente do nariz", o líder do PFL viajou, a pedido do senador José Jorge (PFL-PE), vice na chapa de Alckmin, para São Paulo.
Chamados pelo candidato, os recém-eleitos Aécio Neves e José Serra se reuniram com ele em São Paulo, na tentativa de produzir uma foto melhor. O trio brincou, dizendo que, em Minas, esse apoio seria considerado uma obra de engenharia política. Tasso foi para o Rio.
Ala alckmista do PSDB avaliava ontem que, com a derrota no Rio no primeiro turno -Alckmin teve 28,86% contra 49,18% de Lula no Estado-, o prefeito Cesar Maia (PFL) não tinha justificativa para atacar.
Dizendo que lamenta a decisão de Maia, Alckmin afirmava que, "em hipótese alguma", rejeitaria o apoio, já que o Rio foi identificado como ponto-chave do segundo turno.
Duvidando de suas chances na capital, Alckmin preferiu investir no interior do Rio. Só não contava que Garotinho viesse a São Paulo na segunda-feira.
Para estancar a crise, o presidente do PFL, Jorge Bornhausen, procurou Fernando Gabeira (PV). Uma declaração de voto do deputado mais votado no Rio neutralizaria o impacto da aliança com Garotinho. O deputado prometeu "pensar no caso", mas disse: "Foi um passo equivocado. Ele [Garotinho] tem um peso nefasto no Rio".
Com a reação de Denise Frossard (PPS), Tasso chamou o presidente do PPS, Roberto Freire (PE), oferecendo o apoio do PSDB caso ela recuasse. Classificando a reação dela como "intempestiva", Freire embarcou para o Rio.
Preocupado, Alckmin telefonou para o coordenador da campanha, Sérgio Guerra (PSDB-PE), oferecendo-se para ir ao Rio. (CATIA SEABRA, JOSÉ ALBERTO BOMBIG E SÍLVIO NAVARRO)

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