São Paulo, sexta-feira, 05 de outubro de 2007

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Inflamável

A decisão de sacar da Comissão de Constituição e Justiça, a mais importante do Senado, os peemedebistas "históricos" Jarbas Vasconcelos (PE) e Pedro Simon (RS) é mais um episódio em que Renan Calheiros (PMDB-AL) se incumbe de jogar gasolina na crise da qual é pivô. A oposição, que tinha concordado em desobstruir a pauta, agora ameaça iniciar a semana em estado de guerra. "É a marcha da insensatez. O PMDB existe não pelos cargos que tem, mas pela vida de gente como Jarbas e Simon", reagiu Sérgio Guerra (PSDB-PE). Para ele, Renan coloca em risco a aprovação da CPMF ao usar a presidência para atingir adversários e manipular a composição das comissões.

Simbólico. O golpe para tirar Jarbas e Simon da CCJ foi dado logo após a sessão solene em homenagem a Ulysses Guimarães, na qual os dois fizeram duros discursos contra Renan. "Doutor Ulysses está se revirando no túmulo por ver o que virou o PMDB", comentou um dos presentes.

João quem? Era grande a curiosidade, ontem, pelo indicado para relatar um dos processos remanescentes contra Renan. João Vicente Claudino (PTB-PI), que acabou por recusar a tarefa, pouco aparece no Senado. Até mesmo funcionários do plenário não sabem de quem se trata.

Rasteira... Líderes governistas da Câmara esperam a ajuda de Renan para avocar direto ao plenário o projeto de resolução que estabelece a "fidelidade partidária relativa". Querem pular a CCJ, dirigida pelo oposicionista Marco Maciel (DEM-PE). O relator era o defenestrado Jarbas.

...inócua. Entre os próprios governistas, porém, existe o entendimento de que o projeto de resolução não tem força para se sobrepor à decisão do STF, que ontem se inclinava pela fidelidade, embora abrandada em relação ao que havia decidido o TSE. Para contestar a decisão, só uma emenda constitucional.

RDD. Do líder do PR, Luciano Castro (RR), sobre a tendência do Supremo: "A única coisa boa para o DEM é que vai botar medo em quem queria sair. Os deputados vão ficar em prisão domiciliar".

Norte. O voto de Celso de Mello foi considerado tão bem fundamentado que, logo depois de proferido, era a geral a aposta de que seria acompanhado por vários colegas no julgamento do STF sobre a fidelidade partidária.

Positivo... O deputado João Paulo Cunha foi um dos principais articuladores do renascimento da candidatura de Ricardo Berzoini à presidência do PT, movimento que terminou por enterrar a opção Marco Aurélio Garcia.

...e operante. Réu no processo do mensalão, João Paulo jamais esqueceu que o assessor internacional de Lula defendeu que os personagens da crise de 2005 não ocupassem cargos na direção petista.

Poético. Trecho do manifesto de deputados do PT pela reeleição de Berzoini: "É chegada a hora de o gigante pela própria natureza dar seu passo decisivo para firmar-se no cenário internacional". Depois, um alerta: "Não podemos dormir em berço esplêndido, achando que em nosso caminho só teremos flores".

Duplo fim. Além de tentar aumentar a bancada do PPS na Câmara paulistana, o lançamento da pré-candidatura de Soninha à prefeitura atende aos aliados PSDB e DEM. Dirigentes esperam que a vereadora tire "uma lasca" de votos de seu ex-partido, o PT.

Visita à Folha. Maria Helena dos Santos Fernandes Santana, presidente da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), visitou ontem a Folha, onde foi recebida em almoço. Estava acompanhada de Marcos Barbosa Pinto, diretor, e de Suzana Liskauskas, assessora de comunicação.

Tiroteio

"A CPI se preocupou tanto em blindar o governo que produziu resultado mais tímido do que as próprias decisões do Ministério da Defesa".
Do deputado federal GUSTAVO FRUET (PSDB-PR), que integrou a comissão da crise aérea da Câmara, sobre as conclusões da investigação.

Contraponto

Saída rápida

Encerradas as eleições de 1982, as primeiras para governador realizadas no período da redemocratização, Franco Montoro (1916-1999), vencedor em São Paulo, chamou os outros oito vitoriosos do PMDB para uma reunião em Foz do Iguaçu, na tríplice fronteira.
Pouco antes do início do encontro, que seria comandado pelo então presidente do partido, Ulysses Guimarães (1916-1992), um dos peemedebistas questionou:
-Por que se reunir num lugar tão distante?
Montoro então explicou:
-Foi o Ulysses quem deu a idéia. Se os militares reagirem ao encontro, a gente foge para o Paraguai!


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