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LEGISLATIVO
Disputa em SP tem menos candidatos que em 2004
Participação das mulheres cresce em relação à última eleição para a Câmara
O nível de escolaridade dos candidatos diminuiu; o total de concorrentes sem ensino superior também subiu de 43% para 46,7%
DIEGO BRAGA NORTE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Em comparação com as eleições municipais de 2004, a
atual disputa por uma vaga na
Câmara Municipal de São Paulo tem menos concorrentes,
mais mulheres e candidatos
com um nível de escolaridade
menor, segundo levantamento
feito pela Folha a partir de informações do TSE (Tribunal
Superior Eleitoral).
O número de candidatos a
vereador caiu 10,6% em relação
a 2004. Hoje são 1.077, enquanto quatro anos atrás 1.205
pessoas concorreram a uma
das 55 vagas na Câmara.
Para o cientista político e
professor do Ibmec-SP Carlos
Melo, a diminuição pode ser
conseqüência dos recentes casos de caixa dois de campanha.
"Eu tenho uma hipótese.
Tivemos uma série de escândalos
recentes em relação aos financiamentos de campanha. Me
parece que hoje é mais difícil
conseguir financiamento, aumentou a fiscalização. Isso pode ter contribuído para essa retração de cerca de 10%."
Outra mudança que os números apontam é o aumento da
proporção das mulheres no
pleito. Em 2004, elas representavam 19,4% dos candidatos,
hoje alcançam 23,3%. Finn Andersen, coordenador-geral da
ONG Voto Consciente, afirma
que o aumento das candidatas
não é um fato isolado.
"Há um crescimento da participação das mulheres em praticamente todas as áreas, a política segue a tendência. Isso é
notado no Brasil todo, em cargos legislativos e executivos."
O grau de escolaridade dos
candidatos também diminuiu.
O total de concorrentes sem
ensino superior subiu de 43%
para 46,7%. Já no ensino médio, há quatro anos, 20,7% declaravam ter completado esse
nível escolar.
Hoje, o percentual está em 26,8%.
"Isso [ter ensino superior
completo] não é condição "sine
qua non" para se fazer uma boa
legislatura ou um bom governo. Temos um presidente da
República que não tem grau superior e está sendo bem avaliado. Por outro lado, não dá para
dizer que os candidatos que
têm melhor formação estão
abandonando a opção política,
pois o superior completo manteve-se estável [44,32% em
2004 e 44,3% em 2008]", pondera Melo.
Patrimônio
A soma do patrimônio que os
candidatos a vereador declararam no registro das candidaturas supera a marca dos R$ 325
milhões. No entanto, o montante é dividido de forma desigual. Os 42 candidatos (3,9%)
que disseram possuir patrimônio igual ou superior a R$ 1 milhão detêm 65,3% do total.
"Por esses dados, não podemos dizer que política é uma
atividade só para os ricos, já que
eles compõem a minoria dos
candidatos.
O fato, aparentemente, poderia levar à conclusão de que o poder político não
passa necessariamente pelo
poder econômico, mas é prematuro afirmar, pois devemos
ver como será a composição da
nova Câmara", diz Melo.
Há ainda outras maneiras de
enxergar a distribuição desigual.
Andersen afirma que "há
uma relação direta entre a candidatura e a possibilidade de arcar com os custos da campanha. Geralmente, não é regra,
as pessoas com maior patrimônio e renda têm uma facilidade
maior para se candidatarem.
As
pessoas que têm pouco patrimônio e baixa renda hoje acabam tendo mais suporte dos
partidos e das coligações. Isso é
bom, é democrático".
Mais de um quarto dos candidatos, 27,11%, disse que não
tem bens a declarar à Justiça
Eleitoral. Entre eles está o
apresentador Sérgio Mallandro.
Apesar de ostentar em seu
site o "sucesso astronômico" de
seus discos e o "estouro de audiência" de seus programas na
TV, o candidato do PTB declarou ao TSE não possuir bens.
"Meus bens são a natureza, a
alegria, o sorriso das pessoas.
Minha maior riqueza é o amor
do povo. O que eu tive eu doei,
cara. Eu nunca liguei muito pra
grana", disse Mallandro.
Na outra ponta, o candidato
mais rico de São Paulo e do Brasil, o empresário Oscar Maroni
(PT do B), declarou: "Eu sou o
mais rico do Brasil porque eu
declarei meu Imposto de Renda na íntegra.
Faz um ano e
meio que não entra um tostão
na minha conta bancária, estou
praticamente quebrando. Estou com uma cobertura com
quatro ou cinco meses de condomínio atrasado".
Questionado sobre o patrimônio dos demais candidatos,
Maroni respondeu com ironia.
"Tem candidatos aí que já têm
mandatos e dizem que têm
R$ 10 mil. E eu digo: "ha, ha, ha".
É uma agressão para um cara
inteligente como o brasileiro."
Colaborou NATALIE CATUOGNO CONSANI
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