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São Paulo, quarta-feira, 05 de novembro de 2003

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Contrabandistas tinham facilidades

DA REPORTAGEM LOCAL

Um dos primeiros crimes narrados na denúncia envolve o uso de documentos falsos para relaxar uma prisão em flagrante no aeroporto de Cumbica, em São Paulo.
Outro episódio no aeroporto é a chamada "facilitação de descaminho de contrabando". Num dos diálogos, há um telefonema de Rocha Mattos ao agente Rodriguez, em que o juiz indaga sobre "a prisão de "colegas" em Guarulhos". Na conversa, o juiz comenta que "não responde mais pelos plantões da seção judiciária". Para o MPF, o juiz usava os plantões para conceder liminares favorecendo determinados acusados.
Rodriguez é acusado de advocacia administrativa no "Caso Funcef", no qual se atribui a Rocha Mattos ter planejado e organizado o esquema. Trata-se de inquérito policial sob jurisdição da juíza federal Adriana Pileggi de Soveral, que tem entre os envolvidos a Eucatex e Flávio Maluf, filho do ex-prefeito Paulo Maluf, em que houve direcionamento das apurações para favorecer os acusados.
Há acusação de prevaricação na absolvição dos envolvidos no chamado "caso Split" (escândalo dos precatórios). Nas fitas, há o diálogo entre Rocha Mattos e o delegado Bellini, comentando decisão do juiz, que absolvera o empresário Sérgio Chiamarelli Jr. "Manda um abraço pra ele", diz o juiz. "Pergunta se ele gostou da decisão [a sentença que o absolveu]."
A denúncia afirma que a corrupção passiva do juiz Rocha Mattos, "ao que tudo indica, dá-se até nos processos fora da jurisdição". Ou seja, alcançaria processos em que atuam outros juízes.
A denúncia trata do uso, por membros da quadrilha, de placas reservadas da polícia em veículos particulares de juízes e familiares. Esse episódio envolve Rocha Mattos, os irmãos Mazloum e a juíza Adriana Soveral, com participação do agente federal Rodriguez.
Entre os serviços da quadrilha, há o agenciamento de escuta telefônica não autorizada judicialmente. Esse tipo de serviço foi prestado a Casem Mazloum.
Rocha Mattos é acusado de peculato, por ter desviado objetos apreendidos em autos processuais. Segundo o MPF, conforme conversa captada entre o juiz e o agente Rodriguez, "o desvio de armas parece coisa corriqueira".


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