São Paulo, sexta-feira, 05 de novembro de 2004

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QUESTÃO MILITAR

Mercadante diz que recebeu telefonemas de generais elogiando a indicação; PFL acha que área é muito sensível

Aliados elogiam troca, e oposição tem medo

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

No Congresso, integrantes da base aliada ao governo consideram a indicação do vice-presidente José Alencar (PL) para o Ministério da Defesa um sinal de prestígio das Forças Armadas. Já a oposição classifica a atitude como temerária e vê no acúmulo de funções um problema institucional.
"O ministro foi a última vítima de um relacionamento tempestuoso entre o governo e as Forças Armadas. Vice, no Brasil, é o substituto do presidente. Colocá-lo em uma área sensível, fica difícil", afirmou José Carlos Aleluia (BA), líder da bancada do PFL.
O líder do governo na Câmara, deputado Professor Luizinho (PT-SP), rebateu: "Até marido de governadora pode ser secretário, por que o vice não pode ser ministro?", questionou, referindo-se a Anthony Garotinho, secretário de Segurança Pública do Rio.
"Vice-presidente tem uma função específica. Não é bom misturar as funções institucionais, porque senão amanhã tem reforma ministerial e o presidente vai ter que demitir o vice", disse o senador José Jorge (PFL-PE).
Para o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT), a nomeação de Alencar para a Defesa "foi uma boa solução institucional e mostrou o prestígio que as Forças Armadas tem no governo". Mercadante disse que recebeu telefonemas de generais do Exército elogiando a indicação.
O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, disse que Alencar recebeu a missão de "resolver o problema das Forças Armadas". Segundo o deputado, o partido não terá influência sobre o ministério.
"Ele [Lula] deu uma missão para o José Alencar, resolver o problema das Forças Armadas. Não vamos poder nomear ninguém no ministério", disse Costa Neto.
Uma das legendas que reivindicou o ministério foi o PMDB, no caso de Alencar ser apenas interino. "Quero crer que essa vaga e até outras que surgirem possam ser usadas para consolidar a base aliada. O PMDB tem nomes de A a Z com perfil para ocupar o cargo", disse o líder da bancada na Câmara, José Borba (PR).
Um dos deputados que mais fala em nome dos militares, Jair Bolsonaro (PTB-RJ), elogiou o trabalho de Viegas: "Lamento apenas a nota que ele fez ao sair, em que chuta aqueles que comandou para ficar bem no posto que vai assumir daqui em diante".
O presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), não vê "problema quanto à indicação para o Ministério da Defesa".


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