São Paulo, sexta-feira, 05 de novembro de 2004

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SOMBRA NO PLANALTO

Segundo advogados, empresário está sendo ameaçado de morte após denúncia de suposta extorsão

Cachoeira pede para não depor no Rio

TALITA FIGUEIREDO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

O empresário de jogos Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, representado por seus advogados, pediu ontem para não depor no Ministério Público do Rio porque estaria sendo ameaçado de morte, depois das reportagens publicadas nas últimas duas semanas pela revista "Veja".
Os advogados afirmaram que entregaram um pedido de proteção policial para o empresário, no Ministério da Justiça. Eles ainda aguardam resposta do ministério.
Os advogados Marcelo Borges e Jeová Júnior estiveram ontem no gabinete da promotora Dora Beatriz da Costa e garantiram que Carlinhos Cachoeira "está à disposição" dela, mas que eles não acham "conveniente" que o empresário venha ao Rio, "porque está sendo ameaçado".
De acordo com Borges, os telefonemas, que foram feitos a pessoas ligadas ao empresário, entre eles familiares, começaram depois da publicação das reportagens na "Veja".
A promotora afirmou que não abrirá mão de colher o depoimento de Cachoeira no Rio. Ela disse que abrirá investigação para apurar as supostas tentativas de extorsão de Cachoeira por parlamentares cariocas.
Nos dois últimos fins de semana, a revista "Veja" publicou transcrições de conversas de um interlocutor de Cachoeira com parlamentares que supostamente queriam extorquir o empresário para que a CPI da Alerj (Assembléia Legislativa do Rio), que investigou corrupção na Loterj (Loteria do Estado do Rio de Janeiro), não sugerisse que ele fosse preso.
Na primeira semana, a reportagem mostrou que o deputado federal André Luiz (PMDB) teria pedido a Cachoeira R$ 4 milhões, segundo a reportagem de "Veja". Dias depois, os deputados votaram a favor do relatório da CPI, que pedia a prisão de Cachoeira e de Waldomiro Diniz -que foi presidente da Loterj entre fevereiro de 2001 e dezembro de 2002. Depois, ele foi assessor-chefe da Casa Civil.
No último fim de semana, as gravações mostrariam conversas com o deputado estadual e presidente da CPI, Alessandro Calazans (PV).
Os dois parlamentares negaram que tivessem pedido dinheiro ao empresário.
"A primeira ameaça que ele [Cachoeira] recebeu dizia que, se ele não entregasse as fitas, seria preso porque o Ministério Público já teria pedido sua prisão à Justiça. Ele também já foi ameaçado de morte", afirmou a promotora.


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