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CASO CELSO DANIEL
CPI ouve testemunha de seqüestro de prefeito
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma nova testemunha do caso
Celso Daniel foi ouvida ontem em
sigilo por membros da CPI dos
Bingos e por dois promotores de
Justiça. O homem, cujo nome é
mantido em segredo, disse ter
presenciado o momento em que o
prefeito de Santo André foi seqüestrado, em janeiro de 2002.
A versão apresentada por ele
contrasta com a do ex-segurança
Sérgio Gomes da Silva, que estava
com Daniel na hora do seqüestro
e foi apontado pelo Ministério
Público como o mandante do crime -o corpo de Daniel foi encontrado dois dias depois.
Bastante nervosa, a testemunha
disse que viu Daniel ser arrancado
da Pajero onde estava "como um
animal", que Gomes da Silva adotou uma atitude tranqüila e que
três carros bloquearam o carro do
petista. Na Justiça, Gomes da Silva
disse que o próprio prefeito destravou a porta, que tentou segurá-lo, mas não conseguiu. Disse que
dois carros participaram da ação.
Para a Promotoria, Gomes da
Silva "omite" o terceiro carro porque nele estaria Dionísio Severo,
apontado como o elo entre ele e o
grupo da favela Pantanal acusado
pelo crime -Severo foi morto.
A testemunha foi ouvida ontem
na casa do senador Eduardo Suplicy (PT-SP). Estavam presentes
o senador Romeu Tuma (PFL-SP), dois técnicos da CPI e os promotores Roberto Wider Filho e
Amaro José Thomé Filho.
É a segunda pessoa que contou
ter visto o momento exato do seqüestro de Daniel. Uma advogada
já havia dito que, ao passar pelo
local do crime, viu o petista ser tirado do carro. Gomes da Silva,
afirmou ela, mantinha com os criminosos uma situação de aparente cumplicidade. Ela contou três
carros na operação.
Os depoimentos das duas testemunhas, no entanto, apresentam
conflitos. Para a advogada, o terceiro carro é um Santana branco.
Para o homem, um Golf verde.
Ontem ainda, o grupo ouviu a
antiga empregada doméstica de
Daniel. Ela reafirmou ter encontrado no apartamento dele três
sacolas com dinheiro. Isso, para a
Promotoria, reforça a tese de que
Daniel participava de suposta coleta de propina na cidade.
O advogado Adriano Vanni disse que é possível que Gomes da
Silva tenha se equivocado em relação ao número de carros, pois
ele estava numa situação de extrema tensão. "Ele é vítima, estava
sob rajada de metralhadora."
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