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Desobediência à decisão do STF é criticada por entidades
Supremo ordenou saída de senador cassado do cargo
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O descumprimento pelo Senado da decisão do STF (Supremo Tribunal Federal), que
mandou afastar do cargo o senador Expedito Júnior (PSDB-RO), causou reações de entidades e juízes que afirmam que o
fato pode trazer "sérias consequências" para a harmonia entre os Poderes.
A AMB (Associação dos Magistrados do Brasil) divulgou
nota na qual diz que "o fato não
tem precedente na história da
democracia brasileira, e afronta a harmonia e independência
que devem existir entre os Poderes Constituídos".
O presidente do STJ (Superior Tribunal de Justiça), Cesar
Asfor Rocha, também criticou a
demora do Senado em cumprir
a decisão do Supremo. "O Senado não pode desobedecer a uma
ordem do STF. Isso poderia
acarretar sérias consequências
às nossas instituições. Mas eu
tenho certeza que isso será superado e que o cumprimento
da decisão será feito", afirmou
o ministro.
"O interesse do Ministério
Público é que a decisão judicial
seja observada e cumprida",
afirmou o procurador-geral da
República, Roberto Gurgel.
Expedito Júnior foi cassado
pela Justiça Eleitoral por abuso
de poder econômico e compra
de votos nas eleições de 2006.
Na semana passada, o Supremo julgou ação proposta pelo
segundo colocado nas eleições
daquele ano, Acir Gurgacz
(PDT-RO), que alegava que o
TRE (Tribunal Regional Eleitoral) de Rondônia e o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) já determinaram a saída imediata
do senador do cargo.
Por uma decisão da Mesa Diretora do Senado, em vez de
afastá-lo, os senadores resolveram encaminhar para a CCJ
(Comissão de Constituição e
Justiça) o recurso apresentado
pelo tucano.
Prazo para defesa
O presidente da CCJ, senador Demóstenes Torres (DEM-GO), não descarta a hipótese de
conceder um prazo de cinco
dias para que ele apresente sua
defesa à comissão.
Demóstenes, que será o relator do recurso, já adiantou que
irá determinar o cumprimento
da decisão do Supremo, mas
avalia se concederá prazo para
defesa, seguindo o que ocorreu
quando da cassação do mandato do então senador João Alberto Capiberibe. O relator irá
apresentar seu parecer na próxima quarta-feira.
O artigo 55 da Constituição
diz que no caso de cassação de
mandato será assegurada a ampla defesa. Expedito, no entanto, teve o registro cassado e não
o mandato, por isso a dúvida.
Se for concedido prazo para
defesa, o senador poderá apontar erros no processo judicial.
"Mas encontrar erros nessa altura é muito difícil", disse Demóstenes.
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