São Paulo, quinta-feira, 05 de novembro de 2009

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Polícia acusa 12 empresas por fraudes em licitações

Segundo delegado, cartel se revezava para ganhar obras

JOÃO PAULO GONDIM
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO

Um esquema de fraudes em licitações públicas estaduais e municipais, cujos valores projetados inicialmente nos contratos são da ordem de R$ 100 milhões desde 2008, foi alvo de operação da Polícia Civil, que fez apreensão de computadores e documentos em 12 empresas no Estado do Rio.
O lucro auferido com superfaturamento está calculado numa faixa mínima de R$ 10 milhões a R$ 20 milhões, de acordo com os investigadores.
"Essa quadrilha já estava se articulando para fraudar licitações de obras da Copa de 2014 e da Olimpíada de 2016", afirmou o delegado Flávio Porto, baseado em escutas telefônicas autorizadas pelo Justiça. Ele coordena o Núcleo de Combate à Corrupção e Lavagem de Dinheiro da Polícia Civil, criado há um ano em convênio com o Ministério da Justiça.
Segundo a polícia, 12 empresas -nenhuma de grande porte, sendo cinco delas de fachada- formaram, há no mínimo três anos, um cartel e se revezavam para ganhar licitações de obras em órgãos estaduais e municipais, como a própria sede da Polícia Civil.
"Os empreiteiros do grupo criminoso corrompiam o sistema. Eles davam dinheiro para fiscais de obras e engenheiros inviabilizarem as atividades dos empresários honestos, que, assim, iam à falência", disse o delegado.
Para calcular o poder real da quadrilha, a polícia deflagrou a Operação Monopólio, cuja primeira etapa -coleta de evidências da orquestração- resultou ontem no cumprimento de 30 mandados de busca e apreensão nos municípios do Rio, Niterói, Maricá e Miguel Pereira. Cerca de 120 policiais de 28 delegacias distritais e especializadas participaram da operação.
Ao menos 12 pessoas devem ser indiciadas por crimes contra a administração pública, contra a lei de licitações, formação de quadrilha e corrupção ativa e passiva. A polícia confirmou o envolvimento de servidores públicos.
O delegado negocia com os suspeitos a chamada delação premiada, na qual dariam detalhes do esquema em troca de atenuação das penas.
A operação surgiu no ano passado, após suspeita em uma obra de reforma da 51ª Delegacia de Polícia, em Paracambi, na Baixada Fluminense.


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