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Sarney pode ser indicado para a pasta da Defesa
KENNEDY ALENCAR
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministério que o presidente
eleito, Luiz Inácio Lula da Silva
(PT), vai anunciar pode ter uma
surpresa: a indicação do senador
José Sarney (PMDB-AP) para o
Ministério da Defesa. Lula o vê como uma opção. Sarney apoiou o
petista com firmeza -formalizou
sua decisão em 27 de agosto.
Em seguida, Sarney ajudou Lula
a se aproximar dos militares. Em
29 de agosto, o petista elogiou o
planejamento estratégico dos governos militares ("o Brasil em três
momentos foi pensado em longo
prazo e planejado estrategicamente. No governo Getúlio, no
governo Juscelino e com os militares") e citou as realizações dos
militares no poder: "Os militares,
com todos os defeitos de visão política que tiveram, pensaram o
Brasil estrategicamente, porque
construíram o Proalcool, construíram o pólo petroquímico,
construíram um sistema de telecomunicações razoável".
No dia 13 de setembro, Lula participou de um encontro com 160
oficiais no Hotel Glória, no Rio,
que contou com a participação de
dois ex-ministros de Sarney, Leônidas Pires Gonçalves (Exército) e
Ivan de Souza Mendes (Serviço Nacional de Informações). O petista saiu elogiado do encontro.
Para o cargo de ministro da Defesa, também estão cotados os ministros do Supremo Tribunal Federal Sepúlveda Pertence e Carlos
Velloso, além do embaixador brasileiro em Moscou, José Viegas.
Se o ex-presidenciável do PPS,
Ciro Gomes, não for para a Previdência Social, posto que realmente deseja, é cotado para a pasta o deputado federal Ricardo Berzoini (PT-SP). Berzoini é ligado a Luiz Gushiken, coordenador-adjunto da equipe de transição e especialista em previdência.
O destino de Ciro pode ser a Integração Nacional. Motivos: ele é
do Nordeste, área na qual a pasta
atua fortemente, e também seria
mais controlável lá porque a proposta de reforma de previdência
que Ciro apresentou na campanha é diferente da do PT.
Há na cúpula do PT o temor de que o temperamento mercurial
de Ciro crie problemas. Daí a opção por uma pasta menos polêmica, já que o PT elencou entre as suas prioridades a reforma da
previdência, assunto no qual o
partido tem vários especialistas.
O embaixador do Brasil em
Londres, Celso Amorim, tinha
conversa marcada para ontem
com Lula. Ele é o nome mais forte
para as Relações Exteriores.
Mais cotado para o Ministério
do Trabalho, o deputado federal
Jaques Wagner (PT-BA) é lembrado para as Minas e Energia e
para a presidência da Petrobras. O
auditor Antoninho Marmo Trevisan, cotado para o Planejamento,
é uma opção para a Petrobras.
Bastos
O criminalista Márcio Thomaz
Bastos reuniu-se ontem com o
ministro da Justiça, Paulo de Tarso Ribeiro, em Brasília, para uma
conversa da qual saiu com um levantamento completo dos grandes problemas da pasta.
Segundo a Folha apurou, o saldo do encontro, marcado a pedido de Bastos, foi explicitar, entre as prioridades do ministério, a reformulação e a modernização da Polícia Federal e a revisão das práticas relacionadas à segurança pública, para a qual o governo entra
como formulador (e em parte como financiador), mas quem executa as medidas são os Estados.
Ao ministro, Bastos disse estar
convencido de que o grande desafio do novo governo será a "prestação jurisdicional", ou seja, garantir que a Justiça chegue a todos
os cidadãos. O projeto demanda
tempo, pois passa pelas reformas
dos códigos e do Judiciário.
Colaborou a Redação
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