São Paulo, quinta-feira, 05 de dezembro de 2002

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Sarney pode ser indicado para a pasta da Defesa

KENNEDY ALENCAR
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministério que o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), vai anunciar pode ter uma surpresa: a indicação do senador José Sarney (PMDB-AP) para o Ministério da Defesa. Lula o vê como uma opção. Sarney apoiou o petista com firmeza -formalizou sua decisão em 27 de agosto.
Em seguida, Sarney ajudou Lula a se aproximar dos militares. Em 29 de agosto, o petista elogiou o planejamento estratégico dos governos militares ("o Brasil em três momentos foi pensado em longo prazo e planejado estrategicamente. No governo Getúlio, no governo Juscelino e com os militares") e citou as realizações dos militares no poder: "Os militares, com todos os defeitos de visão política que tiveram, pensaram o Brasil estrategicamente, porque construíram o Proalcool, construíram o pólo petroquímico, construíram um sistema de telecomunicações razoável".
No dia 13 de setembro, Lula participou de um encontro com 160 oficiais no Hotel Glória, no Rio, que contou com a participação de dois ex-ministros de Sarney, Leônidas Pires Gonçalves (Exército) e Ivan de Souza Mendes (Serviço Nacional de Informações). O petista saiu elogiado do encontro.
Para o cargo de ministro da Defesa, também estão cotados os ministros do Supremo Tribunal Federal Sepúlveda Pertence e Carlos Velloso, além do embaixador brasileiro em Moscou, José Viegas.
Se o ex-presidenciável do PPS, Ciro Gomes, não for para a Previdência Social, posto que realmente deseja, é cotado para a pasta o deputado federal Ricardo Berzoini (PT-SP). Berzoini é ligado a Luiz Gushiken, coordenador-adjunto da equipe de transição e especialista em previdência.
O destino de Ciro pode ser a Integração Nacional. Motivos: ele é do Nordeste, área na qual a pasta atua fortemente, e também seria mais controlável lá porque a proposta de reforma de previdência que Ciro apresentou na campanha é diferente da do PT.
Há na cúpula do PT o temor de que o temperamento mercurial de Ciro crie problemas. Daí a opção por uma pasta menos polêmica, já que o PT elencou entre as suas prioridades a reforma da previdência, assunto no qual o partido tem vários especialistas.
O embaixador do Brasil em Londres, Celso Amorim, tinha conversa marcada para ontem com Lula. Ele é o nome mais forte para as Relações Exteriores.
Mais cotado para o Ministério do Trabalho, o deputado federal Jaques Wagner (PT-BA) é lembrado para as Minas e Energia e para a presidência da Petrobras. O auditor Antoninho Marmo Trevisan, cotado para o Planejamento, é uma opção para a Petrobras.

Bastos
O criminalista Márcio Thomaz Bastos reuniu-se ontem com o ministro da Justiça, Paulo de Tarso Ribeiro, em Brasília, para uma conversa da qual saiu com um levantamento completo dos grandes problemas da pasta.
Segundo a Folha apurou, o saldo do encontro, marcado a pedido de Bastos, foi explicitar, entre as prioridades do ministério, a reformulação e a modernização da Polícia Federal e a revisão das práticas relacionadas à segurança pública, para a qual o governo entra como formulador (e em parte como financiador), mas quem executa as medidas são os Estados.
Ao ministro, Bastos disse estar convencido de que o grande desafio do novo governo será a "prestação jurisdicional", ou seja, garantir que a Justiça chegue a todos os cidadãos. O projeto demanda tempo, pois passa pelas reformas dos códigos e do Judiciário.


Colaborou a Redação


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