A seguir, íntegra da carta do sociólogo Francisco de Oliveira ao ministro da Casa Civil, José Dirceu. A carta tem a data de 3 de dezembro de 2003.
 
"Em resposta à correspondência de 1º de dezembro de 2003, assinada por Vossa Excelência, pretendo esclarecer o seguinte.
A correspondência vislumbra a hipótese de crime contra a honra consistente em injúria, em expressões atribuídas a mim e que vieram a ser objeto de noticiário, por ocasião de palestra proferida num seminário em 17 de novembro último, na cidade do Rio de Janeiro.
No texto da conferência não há menção à pessoa de Vossa Excelência. Em resposta às perguntas que me foram dirigidas por participantes do seminário, referi-me à Vossa Excelência, não podendo esclarecer se as expressões transcritas na notificação foram efetivamente pronunciadas.
Afirmo, no entanto, categoricamente, não ter tido intenção alguma de injuriar a pessoa do ministro José Dirceu, em quem já votei para presidente do Partido dos Trabalhadores. Como militante do PT, estimo como meu dever ser extremamente crítico com meus companheiros que estão no exercício do poder. Cobro posturas, ações e assim atuo de forma construtiva, sem que isto signifique restrição ao caráter. Recordo-me ter dito, em resposta a uma pergunta, que o político no exercício do governo por vezes deixa de manter-se no mesmo tom de sua história política, pretende alcançar seus objetivos, usando a formas que não lhe são próprias, mas sim de políticos safados. Admito que, em tal contexto, terei dito que às vezes um líder da importância de José Dirceu parece com qualquer político safado do Brasil. Na verdade, ao dizer tal frase, sem dúvida infeliz porque permite ilações maldosas, pretendi dizer que é preciso manter a nitidez das ações para não ser confundido.
Em síntese, respondendo às duas questões formuladas na correspondência, reafirmo que Vossa Excelência não é nem pode ser tido como safado ou espertalhão e por isso não pode ser confundido com políticos desse jaez. E, assim, as divergências circunstâncias com a atuação política do ministro não são constituídas por qualquer nódoa que atinja o caráter de Vossa Excelência."


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