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Garibaldi declarou ser sócio de rádio
Cotado para presidir Senado, peemedebista disse que Constituição veta parlamentares em emissoras
Questionado, senador fala
que "se for [dono] mesmo,
vai ser um pepino danado';
assessoria diz que concessão
foi cassada na década de 70
HUDSON CORRÊA
LEONARDO DE SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Cotado para a presidência do
Senado, Garibaldi Alves Filho
(PMDB-RN) aparece na declaração de bens à Justiça Eleitoral, de 2006, como dono de 30
mil cotas da rádio Cabugi do Seridó (RN). Em entrevista ontem a uma rádio, também chamada Cabugi do Seridó, Garibaldi afirmou que "um senador
não pode ser sócio porque rádio
é uma concessão do governo".
Segundo Garibaldi, "o senador está proibido pela Constituição brasileira de participar
de uma sociedade como essa".
Já no cadastro da Anatel
(Agência Nacional de Telecomunicações), Garibaldi aparecia ontem como dono de 190
mil cotas, no valor de R$ 190
mil, da TV Cabugi, também
uma concessão pública. A informação constava do sistema
de acompanhamento de controle societário das empresas
de rádio e televisão da Anatel. O
dado, no entanto, não consta de
sua declaração de bens informada à Justiça Eleitoral.
Ao comentar a situação do
senador Renan Calheiros
(PMDB-AL), Garibaldi disse na
manhã de ontem que parlamentar não pode ter concessão
de rádio e TV. Procurado pela
Folha, Garibaldi disse que
mandaria apurar a razão de a
rádio aparecer na declaração de
bens à Justiça Eleitoral: "Eu
acho que não sou dono [da rádio]. Se for mesmo, eu lhe digo,
mas vai ser um pepino danado".
Sobre o fato de aparecer em
cadastro da Anatel como sócio
da TV Cabugi, Garibaldi diz que
houve erro da agência de telecomunicação. Segundo o senador, a rádio pertencia à sua família, mas foi vendida em 2004.
Segundo a assessoria de Garibaldi, a concessão da rádio
Cabugi do Seridó, que aparece
na declaração do senador, foi
cassada pelo governo federal
em 1979 e nunca funcionou.
Ainda conforme a assessoria,
a rádio para o qual o senador
deu uma entrevista ontem tem
apenas o mesmo nome da que
consta em sua declaração de
bens: "É outra rádio. O senador
não tem participação". Segundo a assessoria, "no Imposto de
Renda, o senador informa que
as cotas da rádio valem R$ 0,01
porque ela nunca funcionou".
Na declaração entregue à Justiça Eleitoral em 2002, conforme
o site www.politicosdobrasil.com.br, a rádio não aparece na
declaração de bens do senador.
A Constituição diz que emissoras de rádio e de TV prestam
serviço público e proíbe aos deputados e senadores "firmar ou
manter contrato" com "concessionária de serviço público".
O Ministério das Comunicações, porém, alega que o artigo
não proíbe parlamentares de
serem donos de emissoras e,
baseado no Código Brasileiro
de Telecomunicações, diz que
eles podem ser proprietários
ou sócios das empresas, mas
não diretores ou gerentes.
Governador do Rio Grande
do Norte (1995 a 2002), o senador se destacou como relator
da CPI dos Bingos em 2005. Na
época Garibaldi era conhecido
por ligar pouco para aparência.
Candidato à presidência do
Senado, fez limpeza nos dentes
e comprou ternos. Neste ano
apresentou seis projetos de lei
-um para legalizar bingos e
outros para criar imposto sobre venda de bebida alcoólica.
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