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Arruda ignorou parecer e contratou empresa suspeita
Acordo de R$ 15 mi com Info Educacional foi fechado apesar de alerta de órgão jurídico
Preço oferecido em licitação foi 4 vezes o valor da menor oferta; vídeo flagrou dono de empresa e funcionário do DF recebendo dinheiro
FERNANDA ODILLA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo de José Roberto
Arruda (DEM) ignorou alertas
de sua assessoria jurídica e firmou contratos milionários
com empresas suspeitas de financiar o mensalão do DEM.
Em março do ano passado, a
própria Procuradoria-Geral do
Distrito Federal deu parecer
contrário à contratação da Info
Educacional por R$ 12 milhões
para implantar software em
173 escolas do DF diante da ausência de projeto piloto e justificativa de preços adequada.
Após quatro meses, mesmo
tendo sido alertado para a necessidade de teste prévio e um
possível superfaturamento, o
governo abriu licitação para
comprar programa de computador com exercícios de matemática, português e inglês.
Em seguida, desclassificou as
três primeiras colocadas sob o
argumento de que as empresas
não passaram no "teste de conformidade" e escolheu como
vencedora a Info Educacional,
que apresentou preço (R$ 12
milhões) quatro vezes o valor
da menor oferta (R$ 3 milhões).
Neste ano, o contrato
com a empresa recebeu um aditivo de R$ 3 milhões.
Além do contrato de R$ 15
milhões com o DF, a Info Educacional já firmou contratos
com outros quatro governos,
entre eles as administrações do
PSDB em Minas Gerais (R$ 6,7
milhões em 2008) e São Paulo
(R$ 12,8 milhões entre 2004 e
2006), todos eles sem licitação.
Um funcionário da Secretaria de Educação do DF e o dono
da empresa foram filmados recebendo dinheiro das mãos do
ex-secretário de Relações Institucionais Durval Barbosa, que
revelou o mensalão do DEM.
O diálogo da negociata de R$
298 mil também está transcrito
no inquérito que apura a fraude
na Operação Caixa de Pandora.
Outra empresa investigada
pela PF é a Linknet que, em outubro deste ano, venceu licitação de R$ 223 milhões para
manter a prestação de serviços
de dados ao governo do DF.
Dois meses antes do resultado da concorrência, a assessoria jurídica de Arruda sugeriu
uma multa à Linknet por falta
de cumprimento dum contrato
anual de R$ 2,03 milhões com a
Secretaria de Justiça. Via assessoria, a secretaria diz que desde
fevereiro os repasses estão suspensos porque a empresa não
deu as informações solicitadas.
Citada por Barbosa como
uma das empresas pagadoras
de propina, a Cap Brasil também teve parecer contrário à
sua contratação de licitação em
2006. Ainda assim, fechou contrato para prestar serviço à Secretaria de Justiça. Por meio da
assessoria, o governo informou
que cancelou contrato porque o
projeto não foi executado.
Como a Folha revelou anteontem, a Secretaria de Saúde
do DF, comandada pelo PPS,
também contrariou orientação
do órgão de controle interno do
governo ao contratar a Uni Repro. A entrega de propina envolvendo o nome da empresa
está gravada em vídeo.
Perícia da PF
A PF concluiu ontem a primeira parte da análise do material apreendido na Caixa de
Pandora. Será listado tudo o
que foi levado à polícia, por determinação judicial, e caberá ao
INC (Instituto Nacional de Criminalística) periciar computadores, CDs e recibos apreendidos, além das supostas contribuições de campanha que Arruda diz ter recebido.
As equipes responsáveis pela
operação esperam concluir até
o final da próxima semana a
análise do material. Será feito
um relatório e encaminhado ao
ministro que preside o inquérito no Superior Tribunal de Justiça, Fernando Gonçalves.
Colaboraram FILIPE COUTINHO e ANDRÉA MICHAEL, da Sucursal de Brasília
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