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LAVOURA ARCAICA
Ministério abre "caixa preta" do trabalho escravo
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Ministério do Trabalho divulgou ontem a "lista suja" com os
nomes dos empregadores (pessoas físicas e jurídicas) que utilizaram mão-de-obra escrava em
suas atividades.
São 166 empresas e propriedades rurais, em que foram encontrados e libertados mais de 10,5
mil trabalhadores.
O deputado federal Inocêncio
Oliveira (PFL-PE) aparece na lista. Na Fazenda Caraíbas, sua propriedade no Maranhão, foram
encontrados 56 pessoas exercendo atividades em condições semelhantes ao trabalho escravo.
A Folha tentou entrar em contato com o deputado, mas não obteve resposta até o fechamento
desta edição. Anteriormente, ele
havia dito que a fazenda não estava sob sua responsabilidade e
que, de todo modo, não havia as
condições apontadas.
A relação dos empregadores
que utilizam mão-de-obra escrava começou a ser elaborada em
novembro de 2003 com o objetivo
de informar outros órgãos públicos, entidades civis e a sociedade
sobre a prática adotada por essas
empresas e fazendeiros.
Desde outubro do ano passado,
a lista foi transformada em cadastro, que deverá ser atualizado semestralmente. Na última versão
da "lista suja", havia 101 nomes de
empresas e de fazendeiros. Ou seja, a nova relação registrou um
aumento de 64% na comparação
com os dados anteriores.
A secretária de Inspeção do Trabalho, Ruth Vilela, explica que isso não significa que houve aumento do trabalho escravo no
país: "Só vai para a lista o nome
do empregador cujo processo já
está transitado em julgado", disse.
Nos últimos seis meses, acrescenta ela, novos processos foram
concluídos e adicionados à lista. A
secretária afirma ainda que há critérios para exclusão da lista. "Monitoramos os empregadores por
dois anos. Se não houver nenhuma pendência nesse período, o
nome pode ser excluído."
Em muitos casos ainda não
houve decisão final. Somente no
ano passado, 267 estabelecimentos foram fiscalizados pelo ministério e 2.745 trabalhadores chegaram a ser libertados.
Além do trâmite administrativo, os casos de trabalho escravo
são encaminhados ao Ministério
Público Federal e ao Ministério
Público do Trabalho para que eles
possam mover ações públicas civis ou penais contra os acusados.
Da lista de 166 nomes, três não
aparecem na relação porque os
acusados conseguiram na Justiça
o direito de não aparecerem.
Ruth Vilela declarou que os Estados do Pará, Mato Grosso, Maranhão, Tocantins e Rondônia
são os que mais registram casos
de trabalho análogo ao escravo. O
Maranhão e o Piauí são notórios
por fornecerem mão-de-obra para esse tipo de atividade.
No Congresso Nacional, tramita uma PEC (Proposta de Emenda
Constitucional) que estabelece a
expropriação da terra caso nela
sejam encontrados trabalhadores
na condição de escravos.
NA INTERNET - Leia a lista completa no
site: www.mte.gov.br/noticias/download/ListaEscravo.pdf
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