São Paulo, quinta-feira, 06 de janeiro de 2005

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RELIGIÃO

Padre Aparício teria curado, em São José do Rio Preto, garoto vítima de atropelamento; ele deverá ser o 4º beato do país

Vaticano reconhece milagre no interior de SP

THIAGO REIS
DA AGÊNCIA FOLHA

A Congregação das Causas dos Santos, no Vaticano, reconheceu um milagre realizado em São José do Rio Preto (440 km a noroeste de São Paulo) pelo padre Mariano de La Mata Aparício em 1996.
O papa João Paulo 2º assinou, no dia 20 de dezembro último, um decreto reconhecendo as "virtudes heróicas" do padre. O próximo passo é a confirmação oficial do milagre e a beatificação de Aparício, morto em 1983.
A previsão é de que ele se torne, entre maio e outubro deste ano, o quarto beato do país.
O relato enviado ao Vaticano em 1997 pela Ordem de Santo Agostinho do Brasil afirma que o estudante João Paulo Polotto, hoje com 14 anos, foi curado de uma paralisia que atingia o lado esquerdo do corpo e de um traumatismo cranio-encefálico sem intervenção cirúrgica.

Atropelamento
O garoto foi atropelado por um caminhão em abril de 1996 durante uma excursão do Colégio São José rumo a Barra Bonita (302 km a noroeste da capital). Polotto tinha apenas seis anos e não se recorda do acidente.
Ele foi internado em coma na UTI (unidade de tratamento intensivo) da Santa Casa de Jaú. Polotto teve os primeiros socorros prestados pela mãe, que é médica, no local do acidente.
Segundo o avô Gilberto Lopes da Silva Junior, o garoto teve fraturas graves na cabeça e paradas respiratórias e teve de ser entubado logo na entrada do hospital. Em apenas três dias, no entanto, estava curado, segundo ele. "Os sintomas desapareceram e um hematoma enorme sumiu", afirmou Silva Junior.
O avô, que também é médico, disse que o neto só sobreviveu devido às preces do padre Luiz Miguel, diretor do colégio na época, que pediu ajuda a Aparício. "Eu acredito piamente na força da prece. A recuperação dele teve influência do sobrenatural."
O garoto ainda mora na cidade e diz que adora praticar esportes. Ele afirma não ter o hábito de ir à igreja, mas que costuma rezar em sua casa. "Minha família é toda de médicos, mas todos acreditam em Deus", disse Polotto.

O beato
De acordo com o padre Miguel Lucas Peña, que trabalhou durante 12 anos com Aparício, ele era um homem "fora de série", "realmente um santo".
Peña diz que o padre se preocupava muito com os pobres, os doentes e as crianças e que visitava diariamente ao menos quatro casas de caridade.
"Cerca de 20 mil pessoas o conheceram de perto e receberam algum benefício", disse Peña.
Segundo ele, médicos e teólogos do Vaticano se certificaram de que a cura do garoto não tem explicação científica.
Aparício nasceu na Espanha, mas mudou-se para o Brasil em 1931, onde viveu a maior parte da sua vida. Ele lecionou no Colégio Santo Agostinho, no bairro da Liberdade (centro de São Paulo), e foi pároco em São Paulo e em São José do Rio Preto.


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