São Paulo, sábado, 06 de janeiro de 2007

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Painel

Vera Magalhães (interina) - painel@uol.com.br

A ficha caiu

Na reunião de mais de uma hora que tiveram ontem, Aldo Rebelo (PC do B-SP) e Arlindo Chinaglia (PT-SP) discutiram pela primeira vez a necessidade de fazerem um acordo na disputa pela presidência da Câmara. Segundo aliados de ambos, foi uma conversa para "quebrar o gelo". Ficaram de se consultar pelo menos duas vezes por semana, a partir de agora.
Ninguém admite um recuo ainda, mas o fato de terem tocado no assunto mostra que está funcionando a pressão do Palácio do Planalto, além da ameaça de uma terceira via na disputa. Por meio de emissários, Lula avisou a ambos que, se produzirem um desastre, não terão prêmio de consolação no governo. "Vão carregar a cruz sozinhos", diz um ministro.

Quem pisca. Um governador lulista aposta que a balança vai pender para o lado do presidente da Câmara. "Lula chegou a ter dúvida, mas agora voltou a dar sinais claros de que quer o Aldo", diz.

Nó da questão. Tanto Aldo quando Chinaglia fingem nem ligar para a possibilidade de um candidato alternativo. Mas aliados de ambos reconhecem que, se sair um nome do PMDB, o quadro da disputa muda radicalmente.

Calor. O PSDB, antes defensor da tese da proporcionalidade, agora incentiva o balão de ensaio da terceira via. O partido acha que estava facilitando a vida do governo, ao deixar a disputa correr solta entre dois aliados.

Contra o relógio. Enquanto não sai acordo, Chinaglia começará suas viagens por Porto Alegre, na próxima quarta-feira. À caça dos votos do PSDB, agendou um encontro com a governadora do RS, a tucana Yeda Crusius.

Companheiras. Em lados opostos no debate sobre o "destravamento" da economia, Dilma Rousseff (Casa Civil) e Marina Silva (Meio Ambiente) sentaram-se frente a frente em cerimônia no Planalto. Cumprimentaram-se com um aceno frio.

Questão central. Lula tem dito a ministros que não gosta do termo "concertação", usado por Tarso Genro (Relações Institucionais). Quer que usem "coalizão de governo".

Supersônico 1. Os gastos do governo com serviço de bordo das aeronaves da Presidência disparou com a chegada do Aerolula, em 2005.

Supersônico 2. Antes, a despesa anual era de R$ 619 mil. No ano passado, foi de R$ 1,18 mi. Em 2007, nova subida, para R$ 1,5 milhão, segundo dados do Siafi (sistema de execução orçamentária).

Guerra fria. No mesmo dia em que bateram boca com artigos pela internet, os dirigentes petistas Paulo Ferreira e Valter Pomar passaram cerca de uma hora juntos em reunião em São Paulo para discutir o 3º Congresso do partido.

Papo-cabeça. O PT, que se prepara para perder cargos na Cultura, quer uma "conversa" com o ministro Gilberto Gil. Em artigo no site do partido, o dirigente Glauber Piva exige "respeito e diálogo".

Emperrou. A sucessão no PFL, antes dada como certa, entrou em compasso de espera. Em almoço há alguns dias, Jorge Bornhausen recebeu de caciques como José Roberto Arruda, Gilberto Kassab e Cesar Maia apelo para permanecer no comando do partido.

Tensão. Tão logo terminou seu discurso de posse, ainda trêmulo, o novo comandante da PM de São Paulo, Roberto Antonio Diniz, soltou um sonoro "ufa!" ao se postar do lado do governador José Serra. Todos no palanque riram.

Prejuízo. A crise da aviação em 2006 reduziu em 3 milhões o número de pessoas que viriam ao Brasil, segundo cálculo do Ministério do Turismo. Só a quebra da Varig tirou 1 milhão de assentos do mercado internacional.

Tiroteio

"Ficou claro que a Força Nacional nada mais era que uma força-tarefa eleitoral. Na campanha, poderia vir imediatamente para São Paulo. Agora que o Rio solicita, sobram dificuldades".


Do deputado federal ANTONIO CARLOS PANNUNZIO (PSDB-SP), sobre o pedido do governo do Rio para que tropas federais ajudem a conter a onda de violência no Estado.

Contraponto

Porteiro eletrônico

O secretário da Saúde de São Paulo, Luiz Roberto Barradas, realizou uma visita-surpresa a um hospital psiquiátrico na semana passada. De cara, encontrou a entrada para o estacionamento da diretoria abandonada.
Passaram-se alguns minutos até que enfim chegou um senhor sem uniforme, vagaroso, parecendo sem vontade de trabalhar. Pronto para chamar a atenção do funcionário, o secretário foi logo interpelando:
-Olá. Sou secretário de Estado da Saúde. E o senhor?
-Eu? Sou um paciente do hospital. Estava descansando, vi o senhor aguardando e resolvi ajudar.
Ao desconcertado secretário só restou agradecer.


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