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Antes de lotear ministérios, Lula manda mapear cargos
Ministro Tarso Genro checa padrinhos políticos de 5 mil dos 22 mil cargos federais
Objetivo é cobrar fidelidade dos políticos que indicaram nomes para o governo;
levantamento dos dados se perdeu com saída de Dirceu
LEANDRA PERES
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Para cobrar fidelidade dos
aliados que agraciará na reforma ministerial prevista para fevereiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu a auxiliares a elaboração de uma mapa dos 22 mil cargos federais.
Desses, 5 mil são considerados
os que realmente importam para a divisão de poder entre os
dez partidos que apoiarão no
Congresso o segundo mandato
do petista.
O mapa está com o ministro
Tarso Genro (Relações Institucionais), que tem feito checagem dos padrinhos políticos
dos 5 mil cargos mais importantes. Vários aliados novos e
antigos do governo já viram o
calhamaço de cargos diretamente das mãos de Tarso, articulador político do governo.
Lula pediu a Tarso uma checagem dos padrinhos porque
muitos cargos apareceram na
listagem como preenchidos por
técnicos sem ligação política. O
presidente desconfia que parte
desses "técnicos" tenha padrinhos que preferem não assumir
tal condição para evitar cobranças políticas, como apoio
das bancadas de seus partidos
às propostas do governo no
Congresso. Mais: Lula crê que
alguns desses "técnicos" tenham ligações com políticos
hoje da oposição.
Segundo as palavras de um
ministro, Lula disse que na reforma ministerial dará poder
aos aliados, mas exigirá fidelidade nas votações e interesses
do governo no Congresso.
Exemplos: eleição de um aliado
para a presidência da Câmara
em 1º de fevereiro e aprovação
das medidas de esforço fiscal do
PAC (Plano de Aceleração do
Crescimento).
Dez partidos prometeram
apoiar o chamado "governo de
coalizão": PT, PMDB, PSB, PC
do B, PP, PDT, PTB, PV, PRB e
PR (fusão de PL e Prona).
Dos 34 ministros atualmente
na Esplanada, 17 são petistas. O
PMDB tem cota de três ministérios. O PSB possui duas pastas. PC do B, PP, PR, PV e PTB
têm um ministério cada. O PRB
não tem posto no primeiro escalão. O PDT teve no início do
primeiro mandato, mas perdeu
após migrar para a oposição.
Outras seis pastas são da cota
pessoal de Lula.
Sem porteira fechada
A aliados Tarso disse que a
intenção do presidente é promover uma "verticalização da
coalizão" nos ministérios. Ou
seja, Lula já recuou da idéia de
"verticalização pura" ou "porteira fechada" para os aliados, o
que significaria, por exemplo,
licença para um partido montar toda a cúpula de uma pasta
com seus filiados. Esse é o desejo do PMDB. Lula, porém, não
pretende atendê-lo.
A elaboração do mapa e a
checagem dos padrinhos ajudaram a atrasar a reforma ministerial. Lula só vai dar tratamento mais concreto à partilha de
poder quando retornar do descanso, no dia 15.
Exemplo de checagem: Tarso
perguntou ao presidente do Senado, Renan Calheiros
(PMDB-AL), se ele de fato era o
padrinho de mais de uma dezena de cargos federais, conforme
listado no mapa. Renan respondeu que parte dos cargos
fora preenchida por indicação
de deputados e senadores que
lhe pediram que encaminhasse
o pedido ao Palácio do Planalto
nos tempos em que José Dirceu
e Aldo Rebelo, hoje presidente
da Câmara, eram os coordenadores políticos.
Lula também orientou Tarso
a conversar com os demais ministros para que apontassem os
responsáveis políticos pelos
principais cargos em suas pastas. O ministro tem feito uma
verdadeira sabatina com os colegas. Indaga se o indicado tem
competência técnica, se atua
em sintonia com os interesses
do governo no Congresso, se há
conflitos por estarem ligados a
partidos diferentes e por aí vai.
Desde a saída de José Dirceu
da Casa Civil em junho de
2005, o governo perdeu o controle sobre o mapa dos cargos.
A sucessora de Dirceu, Dilma
Rousseff, possuía levantamento incompleto. A área de articulação política também perdeu o
controle detalhado dos cargos
desde a saída de Waldomiro Diniz da subchefia de Assuntos
Parlamentares do antigo ministério da Coordenação Política, em fevereiro de 2004.
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