São Paulo, domingo, 06 de janeiro de 2008

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Decifra-me ou te devoro

O DEM, quem diria, vai realizar um seminário para compreender melhor o fenômeno do Bolsa Família e encontrar uma maneira de incluí-lo em sua plataforma eleitoral. Será em março, em Recife.
O evento não poderia ocorrer em local mais adequado. Em pesquisa encomendada pelo PSDB, parceiro de oposição dos "demos", 44% dos entrevistados em Pernambuco declaram ter em sua casa alguém que recebe o principal programa social de Lula. No sertão, o número sobe para 54%. De acordo com o levantamento, 44% no Estado natal de Lula consideram o governo bom, e 25%, ótimo. Em pergunta espontânea sobre 2010, 58% manifestam a intenção de votar no presidente -que, pela atual legislação, não poderá concorrer. Segundo colocado, o tucano José Serra obtém 4%.

Páreo. Na pergunta estimulada, sem a presença de Lula na cartela, Serra registra 41%, Ciro Gomes (PSB), 16%, Aécio Neves (PSDB), 3%, e Dilma Rousseff (PT), 2%.

Os russos 1. O mesmo exército que tentará salvar as emendas da tesoura do governo pode melar o plano oposicionista de obstruir a votação do Orçamento de 2008 em resposta ao aumento de impostos anunciado pós-CPMF. São cerca de 150 parlamentares, muitos do DEM e do PSDB, que deverão disputar prefeituras em outubro.

Os russos 2. Para eles, a queda-de-braço com o Planalto importa menos do que aprovar emendas que lhes garantam recursos para alavancar suas candidaturas.

Última que morre. Um auxiliar de Lula comenta o otimismo de ministros que entram no gabinete do presidente e saem de lá convencidos de que suas áreas não serão atingidas pelos cortes no Orçamento: "É como aquela história em que o moço diz "seu cabelo está lindo", e a moça entende "eu te amo'".

Pega leve. Ao apelar ao governo para que não maltrate demais a Câmara na definição dos cortes, a Mesa Diretora alega que a Casa já "poupou muito" no ano passado em custeio, horas extras e investimentos. A economia teria chegado a R$ 160 milhões, segundo o primeiro-vice, Nárcio Rodrigues (PSDB-MG).

Chumbo trocado. José Dirceu, que na revista "Piauí" disse o que quis de Heloísa Helena e, em resposta, ouviu o que não quis, agora pretende processar a presidente do PSOL. Ela chamou o ex-ministro, entre outras coisas e não pela primeira vez, de "ladrão de cofres públicos".

Aviso. De Dirceu para um petista com quem viajou dias atrás: "Esses gaúchos que me aguardem". Na reportagem, ele diz que a sede do PT no Rio Grande do Sul foi feita "só com dinheiro de caixa dois".

Reciclado. Vendida como grande novidade do feriado pela presidente da Anac, Solange Vieira, a determinação às companhias para que mantenham aviões reserva nos aeroportos havia sido anunciada, um ano atrás, por seu antecessor, Milton Zuanazzi.

Vem cá. Fazendeiros obrigados pela Justiça a sair da reserva indígena Raposa/Serra do Sol, em Roraima, convidaram Lula a participar da colheita do arroz na próxima sexta. Representante dos arrozeiros, Paulo Quartiero esteve com assessores do presidente na quinta-feira. Desde sua primeira posse, em 2003, Lula nunca foi ao Estado.

Milhagem. José Serra embarcou na noite de sexta para Washington. O governador paulista tem reunião amanhã no BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento).

Outro lado. O ministro do Trabalho, Carlos Lupi (PDT), afirma que a exoneração de Antônio Biondi Lima do Departamento de Qualificação se deu a pedido do petista, que recebeu convite para trabalhar no governo do correligionário Jaques Wagner (BA).

Tiroteio

"Dá-lhe, Zé! Bota pra fora! Conta o que você sabe, que aí nós vamos enterrar a hipocrisia!"


De ROBERTO JEFFERSON, autor da denúncia do mensalão, sobre a reportagem em que o ex-ministro critica os petistas que pediam dinheiro ao partido e, uma vez revelado o escândalo, passaram a chamar Delúbio Soares de "homem da mala", omitindo que "a mala era para eles".

Contraponto

Notícias do front

Em meio à guerra para aprovar a prorrogação da CPMF, no final do ano passado, José Múcio, recém-empossado ministro das Relações Institucionais, foi muito exigido na tentativa de virar o jogo a favor do Planalto.
Certo dia, a despeito do acúmulo de evidências de que o governo caminhava para a derrota no Senado, Múcio circulava alegre pelos corredores do palácio quando foi abordado por um de seus auxiliares:
-Ministro, qual a receita para tanto bom humor?
-Passo as noites acompanhando os telejornais.
-Mas eles são todos desfavoráveis a nós...
-Bem, é que só vejo notícias sobre Bagdá!


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