São Paulo, domingo, 06 de janeiro de 2008

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Juiz considerou cadeia de comando em decisão

DA REPORTAGEM LOCAL

A sentença emitida no último dia 18 pela Justiça argentina contra sete militares e um policial federal por crimes cometidos contra guerrilheiros montoneros teve por base a lógica da cadeia de comando.
Segundo a decisão do juiz Ariel Lijo, o general Cristino Nicolaides, 83, ex-integrante da quarta junta militar da ditadura argentina, "teve conhecimento das detenções e privações de liberdade, por ele aludidas naquela reunião, na época em que elas ocorreram, em razão de sua atividade como titular do Comando dos Institutos Militares à época dos fatos e, portanto, autoridade máxima no âmbito da denominada zona IV" -uma das subdivisões do Exército argentino.
Nicolaides foi condenado a cinco anos de prisão.
Uma das principais evidências apontadas contra ele foi uma entrevista coletiva concedida à imprensa em 1981, na qual teria dito que dois grupos de 14 montoneros haviam conseguido retornar à Argentina em 1980 para "tomar o poder" através da "luta ideológica". Segundo os artigos da imprensa publicados na época, o general afirmara que os grupos "logo haviam sido aniquilados". Nicolaides teria dito ainda que "havia tido a oportunidade de conversar com alguns deles".
Em depoimento prestado em 2002, Nicolaides alegou que sua entrevista datava de 1981, enquanto os desaparecimentos investigados no processo haviam ocorrido no ano anterior. Nicolaides afirmou que "nunca teve contato pessoal com as pessoas citadas" na ação.
O processo investigava desde 1983 o desaparecimento de um grupo de 19 montoneros entre 1978 e 1980. Teve um lento andamento, com sucessivas discussões sobre foros competentes e relevância das provas.
Entre fevereiro e março de 1980, foram detidos e desapareceram os guerrilheiros Julio César Genoud, Verónica María Cabilla, Jorge Óscar Benítez, Ángel Servando Benítez, Lía Mariana Ercilia Guanguiroli, Ángel Carbajal, Matilde Adela Rodríguez de Carbajal, Raúl Milberg, Ricardo Marcos Zucker, Ernesto Emilio Ferré Cardozo, Miriam Antonio Fuerichs, Marta Elina Libenson e Ángel Horacio García Pérez.
Em março de 80, Mónica Susana Pinus de Binstok e Horacio Domingo Campiglia foram seqüestrados no Rio e desapareceram. Em 1978 foram presos e também sumiram Lucila Adela Revora de De Pedro e Carlos Guillermo Fassano.
Na fronteira entre Brasil e Argentina, desapareceram em junho de 80, Lorenzo Viña e o padre Jorge Adur. Um quarto episódio foi a prisão e tortura de Silvia Tolchinsky, sobrevivente do grupo. (RV)


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