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Juiz considerou cadeia de comando em decisão
DA REPORTAGEM LOCAL
A sentença emitida no último
dia 18 pela Justiça argentina
contra sete militares e um policial federal por crimes cometidos contra guerrilheiros montoneros teve por base a lógica
da cadeia de comando.
Segundo a decisão do juiz
Ariel Lijo, o general Cristino
Nicolaides, 83, ex-integrante
da quarta junta militar da ditadura argentina, "teve conhecimento das detenções e privações de liberdade, por ele aludidas naquela reunião, na época
em que elas ocorreram, em razão de sua atividade como titular do Comando dos Institutos
Militares à época dos fatos e,
portanto, autoridade máxima
no âmbito da denominada zona
IV" -uma das subdivisões do
Exército argentino.
Nicolaides foi condenado a
cinco anos de prisão.
Uma das principais evidências apontadas contra ele foi
uma entrevista coletiva concedida à imprensa em 1981, na
qual teria dito que dois grupos
de 14 montoneros haviam conseguido retornar à Argentina
em 1980 para "tomar o poder"
através da "luta ideológica". Segundo os artigos da imprensa
publicados na época, o general
afirmara que os grupos "logo
haviam sido aniquilados". Nicolaides teria dito ainda que
"havia tido a oportunidade de
conversar com alguns deles".
Em depoimento prestado em
2002, Nicolaides alegou que
sua entrevista datava de 1981,
enquanto os desaparecimentos
investigados no processo haviam ocorrido no ano anterior.
Nicolaides afirmou que "nunca
teve contato pessoal com as
pessoas citadas" na ação.
O processo investigava desde
1983 o desaparecimento de um
grupo de 19 montoneros entre
1978 e 1980. Teve um lento andamento, com sucessivas discussões sobre foros competentes e relevância das provas.
Entre fevereiro e março de
1980, foram detidos e desapareceram os guerrilheiros Julio
César Genoud, Verónica María
Cabilla, Jorge Óscar Benítez,
Ángel Servando Benítez, Lía
Mariana Ercilia Guanguiroli,
Ángel Carbajal, Matilde Adela
Rodríguez de Carbajal, Raúl
Milberg, Ricardo Marcos Zucker, Ernesto Emilio Ferré Cardozo, Miriam Antonio Fuerichs, Marta Elina Libenson e
Ángel Horacio García Pérez.
Em março de 80, Mónica Susana Pinus de Binstok e Horacio Domingo Campiglia foram
seqüestrados no Rio e desapareceram. Em 1978 foram presos e também sumiram Lucila
Adela Revora de De Pedro e
Carlos Guillermo Fassano.
Na fronteira entre Brasil e
Argentina, desapareceram em
junho de 80, Lorenzo Viña e o
padre Jorge Adur. Um quarto
episódio foi a prisão e tortura
de Silvia Tolchinsky, sobrevivente do grupo.
(RV)
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