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Lula deve apoiar Tarso em disputa no PT
Em discurso na festa de 27 anos do partido, presidente pretende cobrar autocrítica pelas crises do mensalão e do dossiê
Nos bastidores, Lula ainda deve trabalhar para reduzir mandato de Berzoini; ele pediu ajuda a Chinaglia para impedir uma guerra interna
KENNEDY ALENCAR
VALDO CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em reunião ontem da cúpula
do governo, o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva decidiu
atuar a favor da tese do ministro da Tarso Genro (Relações
Institucionais) e de governadores do partido que criticam a
forma como o Campo Majoritário, tendência mais poderosa
do PT, conduziu o partido nos
últimos anos.
Além de atuar nos bastidores
a favor dos que pedem "refundação" e "reconstrução" do PT,
Lula pretende fazer um discurso duro no jantar de sexta-feira
em Salvador no qual o partido
comemorará os seus 27 anos.
Na reunião da Coordenação
de Governo, grupo integrado
pelos ministros que discutem
semanalmente com Lula as diretrizes do governo, o presidente fez uma análise da guerra
interna já em curso para a reunião do Diretório Nacional, no
sábado, e para o 3º Congresso
Nacional do PT, em julho.
De acordo com um ministro,
Lula disse que não dá para o PT
fazer de conta que nada aconteceu. Ele pretende cobrar do
partido uma autocrítica sobre
seus erros nas crises do mensalão e do dossiegate.
Nos bastidores, Lula atuará
para que sejam antecipadas as
eleições para a nova direção do
partido, o que encurtaria o
mandato do presidente do partido, Ricardo Berzoini.
No discurso, Lula deverá
adotar um tom com "menor octanagem" do que o documento
que vem sendo elaborado por
Tarso em conjunto com outros
dirigentes que criticam o Campo Majoritário -tendência à
qual o próprio Lula pertence.
Hoje, o Campo Majoritário
tem entre os seus principais líderes Berzoini, o ex-ministro
José Dirceu (Casa Civil), a ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy e o assessor especial de
Lula Marco Aurélio Garcia.
Apesar de ser do Movimento
PT, Arlindo Chinaglia (SP) foi
eleito presidente da Câmara na
semana passada com apoio
fundamental do Campo Majoritário. A vitória revigorou os
dirigentes da seção paulista.
Ontem, em almoço com Chinaglia, Lula pediu apoio para
evitar uma guerra interna no
PT que prejudique o governo.
Há temor no Palácio do Planalto de que o Campo Majoritário
use a vitória de Chinaglia para
reclamar espaços no partido.
Governador de Sergipe, Marcelo Déda disse que ainda não
decidiu se vai assinar o documento elaborado por Tarso. No
entanto, ele afirmou que o PT
precisa ser "revitalizado". "Devemos sair do 3º Congresso como um partido que enfrentou
seus erros, superou-os e se tornou mais contemporâneo", diz.
Defensor da refundação do
PT, o governador Wellington
Dias (Piauí) disse que o objetivo é "buscar reduzir o poder das
tendências dentro do partido".
Segundo ele, as tendências se
transformaram em "partidos
dentro do partido".
Dias defende o fim da regra
que distribui os cargos nas direções partidárias de acordo com
o tamanho das tendências. "Como o presidente é hoje eleito
diretamente pelos filiados,
nem sempre ele consegue imprimir sua liderança."
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