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Esquerda do partido promete texto polêmico
DA REPORTAGEM LOCAL
Correntes à esquerda no PT,
momentaneamente alinhadas
ao ministro Tarso Genro (Relações Institucionais), prometem
explicitar a atual divisão do
partido em torno da chamada
"refundação" da sigla no encontro do Diretório Nacional,
sábado, em Salvador.
"Nós vamos fazer chamamentos à militância em torno
da reconstrução e da crise que
se abateu sobre ele. Divulgaremos nossa mensagem ao partido. O texto será mais polêmico
ainda do que a versão que circulou no final de semana", disse o
deputado estadual Raul Pont
(RS), da Democracia Socialista.
O texto a que Pont se refere
traz a assinatura de Tarso aborda temas caros ao atual comando petista, como a crise ética.
No âmbito da economia, a
carta prega o controle dos capitais especulativos, tópico que
não está em pauta neste momento na política monetária do
Ministério da Fazenda.
As reações dos paulistas a
Tarso começaram ontem mesmo. "O ministro seria mais
construtivo se dissesse onde
erramos, por que erramos,
quem são os responsáveis por
esses erros e como corrigi-los",
disse o secretário-geral do PT
paulista, João Antonio.
Para o deputado Jilmar Tatto
(SP), a antecipação desse debate não favorece o PT, que deveria estar mais empenhado no
apoio ao PAC (Programa de
Aceleração do Crescimento).
"Esse tema terá um fórum próprio de discussão que é o Congresso Nacional do partido
[que acontece em julho]."
Para o presidente do PT, Ricardo Berzoini, não se trata de
"refundar" o partido, "mas Tarso e seus aliados têm todo o direito de ampliar o debate sobre
os rumos da sigla com vistas no
Congresso Nacional".
Outro tema que deve motivar
discussões no diretório é a anistia do deputado cassado José
Dirceu, projeto encampado na
reunião do Campo Majoritário
no último fim de semana.
"Quando o projeto vier, é claro que eu apóio. Fui contra a
cassação de Dirceu", disse Marco Aurélio Garcia, assessor especial da Presidência da República. Assim como ele, Berzoini
também deve dar aval à iniciativa e disse que o estatuto do
partido prevê uma adesão à
campanha do ex-ministro.
Correntes da esquerda do PT
reagiram à proposta e prometem combatê-la em todas as
instâncias partidárias. "Dirceu
tem todo o direito de tentar sua
anistia, mas se o PT trouxer essa discussão para dentro do
partido terá de reabrir também
o debate sobre as responsabilidades dele no caso de Marcos
Valério", disse Valter Pomar,
também membro do diretório.
Em seu blog, o ex-ministro
negou ter trabalhado pelo
apoio do Campo Majoritário.
"Nunca discuti ou pretendi pedir o apoio institucional do PT
para minha anistia, nem acho
que é o caso. Trata-se de um direito constitucional. E tenho
certeza que aqueles que o defendem farão a campanha."
Oficialmente, a pauta do encontro formalizaria o apoio
quase incondicional do PT ao
PAC.
(JOSÉ ALBERTO BOMBIG)
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