São Paulo, quarta-feira, 06 de fevereiro de 2008

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Painel

RENATA LO PRETE painel@uol.com.br

Tira-gosto

Matilde Ribeiro se foi. Orlando Silva ganhou tempo ao devolver o dinheiro. Sobrou Altemir Gregolim, que, além de se hospedar e comer bem, passou o cartão corporativo em endereços como bares e choperias. A despesa do ministro da Pesca em hotéis saltou de R$ 9.758,23 em 2006, quando assumiu a pasta, para R$ 16.100,17 no ano passado. Em restaurantes, de R$ 2.157,29 para R$ 4.289,29. Na tradicional choperia Pinguim, de Ribeirão Preto, deixou R$ 70 em julho.
Uma curiosidade é que a agenda do ministro não bate com as datas dos gastos. Em 18 de outubro de 2006, seu cartão registra despesa de R$ 50,90 em um bar de Boa Vista (Roraima) cuja especialidade é bolinho de bacalhau. No mesmo dia, ele teria dado posse, em Brasília, à diretoria do Conselho de Aqüicultura e Pesca.

Memória. Uma das subcomissões da finada CPI dos Correios investigou casos de gastos suspeitos com cartões do governo. Os dados estão arquivados no Congresso.

Complicador. Enquanto a oposição começa a recolher hoje, no retorno do Congresso, assinaturas para a CPI dos cartões, outro tema espinhoso entra em pauta: a MP da TV Pública, uma das primeiras da fila no plenário da Câmara.

Veja bem. Há controvérsia sobre o momento para votar a MP da TV. Alguns avaliam que a temperatura é desfavorável para negociar com a oposição. Mas há quem acredite que pode ser uma saída para tirar o foco dos cartões.

Refresco. No calor do Carnaval de Olinda, o ministro José Múcio (Relações Institucionais) disse ontem que a saída de Matilde Ribeiro "amenizou" a crise dos cartões e que não há razão para CPI. "Mas o Legislativo é quem decide."

Me dá um voto aí. Pré-candidato à Prefeitura do Rio, o ex-tucano Eduardo Paes (PMDB) fez campanha em tempo integral no Sambódromo. De garis a rainhas de bateria, o secretário estadual de Esportes cumprimentou todo mundo que viu pela frente.

Rádio-patroa. Ao lado de Paes, um dos mais animados era Delcídio Amaral (PT-MS). Brincando, o senador dizia ter recebido "da PM" autorização para circular. A "PM", no caso, era sua mulher, Maika, que estava no camarote.

Monitor. No Rio Grande do Sul, onde foi passar o Carnaval, Tarso Genro recebeu dados preliminares sobre as rodovias federais. No sábado, o número de mortes havia caído à metade na comparação com 2007. O ministro da Justiça divulga amanhã os dados fechados do feriado.

Sem fim. Oficialmente, a nomeação para os cargos do setor elétrico será concluída até o fim do mês. Mas, segundo previsão de peemedebistas, a guerra com o PT ainda vai durar "de 60 a 90 dias".

Sombra. Decorrido mais de um mês desde a posse de Garibaldi Alves (PMDB-RN), o site oficial do Senado continua se referindo a Renan Calheiros (PMDB-AL) como presidente da Casa.

Em ação. Gilberto Kassab (DEM) saiu a campo pela campanha de Arnaldo Madeira (SP) à liderança do PSDB na Câmara. O prefeito de São Paulo já procurou pelo menos dois deputados tucanos a fim de convencê-los a desistir do apoio a José Aníbal (SP).

Regras. Maria Helena Guimarães de Castro, secretária paulista da Educação, reúne na próxima segunda-feira 20 especialistas para fechar os critérios de avaliação de escolas, no projeto de remuneração por desempenho. Cada escola terá uma meta. Se atingida, resultará em 16 salários anuais aos profissionais.

Laços de ternura. O marqueteiro do prefeito João Henrique (PMDB), candidato a um segundo mandato em Salvador, é Maurício Carvalho, ex-vice-presidente da Propeg, uma das agências vitoriosas na licitação da conta de publicidade do Planalto.

Tiroteio

O segundo ano do primeiro mandato começou com Waldomiro Diniz, e no terceiro explodiu o mensalão. Agora temos os cartões corporativos. Dá para imaginar o que ainda vem pela frente.


Do deputado ACM NETO (DEM-BA), relacionando o caso dos gastos suspeitos com cartões de crédito do governo à série de escândalos do primeiro mandato de Lula.

Contraponto

Pessoas e pessoas

Em raro momento de consenso na Assembléia Legislativa de São Paulo, tucanos e petistas discursavam, em agosto passado, contra a decisão do juiz que arquivou processo movido pelo jogador tricolor Richarlyson contra um dirigente de futebol que o chamara de gay.
-Proponho uma moção de repúdio!-, bradou Bruno Covas (PSDB), criticando ainda o conteúdo da decisão do juiz, em seu entender homofóbico.
José Cândido (PT) pediu um aparte:
-Concordo plenamente, nobre colega! E digo mais: nós, simples pessoas físicas, até podemos errar. Mas os juízes, que são pessoas jurídicas, nunca!


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