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Governo cancela 710 mil benefícios do Bolsa Família
Corte das pessoas que não se recadastraram atinge 5,7% das famílias e é o maior desde a criação do programa, em 2004
Cidade de São Paulo terá a
maior redução no número de benefícios; das 169 mil famílias atendidas, 65,3 mil não atualizaram o cadastro
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O governo federal divulga, na
segunda-feira, o cancelamento
de 710 mil benefícios do Bolsa
Família em todo o país, representando 5,7% dos 12,4 milhões
das famílias atendidas.
Esse é o maior cancelamento
desde a criação do Bolsa Família, em 2004, e atende ao decreto presidencial de 2007, segundo o qual todo beneficiário é
obrigado a atualizar seus dados
cadastrais em, no máximo, dois
anos de adesão ao programa.
A cidade de São Paulo é a que
sofrerá maior redução de benefícios: 38,46%. Das 169 mil famílias atendidas pelo Bolsa Família no município, 65.357 não
tiveram seu cadastro atualizado pela prefeitura.
Na cidade do Rio de Janeiro,
serão 20,6 mil cancelamentos.
Em Curitiba, 18 mil. Os números da cidade de São Paulo se
aproximam ao registrado em
todo o Estado da Bahia -onde
há maior quantidade de beneficiários- 67 mil.
Em comparação aos outros
Estados, São Paulo terá o maior
corte: 133.992, correspondendo a 11,65% de um total de 1,1
milhão de benefícios.
O cancelamento de 710 mil
benefícios é ainda mais expressivo se comparado ao universo
de famílias que estavam havia
mais de dois anos sem atualizar
seu cadastro: 3,4 milhões.
As famílias que tiverem o benefício suspenso poderão se recadastrar, desde que estejam
enquadradas no critério do
programa: renda individual
mensal de até R$ 140. Em novembro, o governo suspendeu o
pagamento de 975,6 mil benefícios por falta de atualização cadastral. De lá até dezembro,
265,6 mil famílias atualizaram
seu cadastro nas prefeituras e
tiveram o cartão desbloqueado.
A atualização cadastral foi
iniciada em março do ano passado. O Ministério do Desenvolvimento Social enviou às
prefeituras a lista de beneficiários com defasagem cadastral
superior a dois anos, para que
as famílias fossem procuradas.
O prazo de atualização de dados, como endereço e renda,
terminou em outubro. Em
março de 2009, o governo identificou 3,4 milhões de famílias
com dados desatualizados e determinou prazo até 31 de agosto
para regularização de seu cadastro. O prazo foi prorrogado.
Segundo a assessoria do Ministério do Desenvolvimento, o
cancelamento pode se dar porque as famílias não são convocadas para se recadastrar ou
porque não se enquadram mais
nos critérios para concessão do
benefício. Principal programa
social do governo federal, o
Bolsa Família tem a meta de
atingir 12,9 milhões de famílias
até o final do ano. Cada família
recebe entre R$ 22 e R$ 200.
Segundo dados do ministério, a cidade de São Paulo é, entre as capitais, a que mais apresenta famílias com perfil para
obtenção de benefício, mas que
não foram incluídas no programa por falta de cadastro. Segundo o ministério, existem
155.165 famílias em São Paulo
dentro do mapa de vulnerabilidade. Em Fortaleza, são
32.009, e 31,7 mil em Salvador.
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