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Dilma tentará colar sua imagem à do PT
Em seu discurso no Congresso do PT, ministra enfatizará sua luta contra a ditadura para compensar sua adesão recente ao partido
Apesar de destacar avanços do atual governo, a ênfase do discurso da ministra deve ser o futuro, elegendo saúde e educação como metas
MALU DELGADO
DA REPORTAGEM LOCAL
A ministra Dilma Rousseff
(Casa Civil) concentra-se, nos
bastidores, na elaboração do
discurso que fará no 4º Congresso Nacional do PT, dia 20,
quando a sigla oficialmente a
reconhecerá como pré-candidata e iniciará os movimentos
mais concretos de campanha.
O núcleo que integra a pré-campanha considera fundamental a ministra acertar o tom
para envolver a militância petista na campanha e fornecer as
ideias centrais que adotará no
embate eleitoral.
Para os petistas que atuam na
pré-campanha, a ministra, que
só ingressou no partido em
2001, deve mostrar vínculos
com lutas históricas do PT na
tentativa de sensibilizar os militantes e 1,3 milhão de filiados.
Por isso ela foi aconselhada a
incluir no discurso partes em
que enfatiza sua militância de
esquerda na luta contra a ditadura militar no país.
Uma espécie de versão bruta
foi preparada pelo marqueteiro
João Santana, mas Dilma já a
modificou várias vezes.
A ministra tem discutido
com poucos a sua fala, pois quer
adotar uma retórica própria,
que a diferencie do presidente
Lula aos olhos do público interno. Ela pretende mostrar ao
presidente o texto final, segundo disseram interlocutores da
ministra à Folha.
Apesar de enfatizar o que
considera avanços no atual governo, a ênfase do discurso da
ministra deve ser o futuro, elegendo a educação e a saúde como compromissos e temas
centrais que deve abordar na
campanha como candidata do
PT à Presidência.
Em relação à política externa, a ministra sinalizou a interlocutores que quer abordar a
necessidade de inserção do
Brasil no primeiro mundo.
Neste quesito, ela pretende listar as ações nos dois mandatos
do governo Lula, que para o PT
destoam das gestões de Fernando Henrique Cardoso.
O núcleo que atua na pré-campanha da ministra acha
que o tom plebiscitário da eleição de outubro -o confronto
entre os governos FHC e Lula- pode funcionar para a militância, mas não pode ser predominante nos debates eleitorais. "Isso motiva parte do eleitorado mais à esquerda, mais
identificado com o PT, mas não
mais que 20%", avalia um aliado da ministra.
Dilma pretende tocar ainda
num tema que mexe com o
imaginário petista: o papel do
Estado como indutor de um
projeto de desenvolvimento.
Os coordenadores da pré-campanha avaliam que o tema precisa ser abordado com cautela
para não ser confundido com
um projeto estatizante, o que
causaria reações no mercado.
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