São Paulo, quinta-feira, 06 de março de 2008

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Ex-dirigente de ONG se nega a abrir sigilos à CPI

ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ex-dirigente da Unitrabalho Jorge Lorenzetti negou-se ontem a entregar voluntariamente seus sigilos bancário, fiscal e telefônico à CPI das ONGs dos últimos cinco anos.
Ele afirmou que os dados já foram repassados à CPI dos Sanguessugas, que investigou a sua participação na compra de um dossiê contra políticos do PSDB em 2006. À época, foi cogitada a hipótese do uso de recursos da ONG na operação. Lorenzetti negou.
Durante depoimento à CPI, o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), pediu a Lorenzetti que assinasse requerimento autorizando a transferência dos seus sigilos. "Não vou assinar este seu pedido porque ele já foi atendido. Meu sigilo já foi quebrado pelo Coaf [Conselho de Controle de Atividades Financeiras], pela Receita [Federal] e pela PF. A CPI [dos Sanguessugas] tem a cópia", disse.
À tarde, a Secretaria das Comissões do Senado consultou os arquivos da CPI dos Sanguessugas e verificou que os dados não foram repassados. "De fato, os dados não estão com o Senado. Se quisermos ter acesso ao sigilo, teremos de aprovar um requerimento", afirmou o presidente da CPI, Raimundo Colombo (DEM-SC).
O advogado de Lorenzetti, Aldo dos Campos Costa, afirmou que a assinatura do requerimento seria "inócua". "O Supremo Tribunal Federal já se manifestou sobre isso. Não há como a própria pessoa permitir o acesso ao seu sigilo", disse. "Mesmo assim, o meu cliente não tem nada a esconder. A CPI, se quiser, poderá quebrar o sigilo dele", completou.
Ainda durante o depoimento, senadores governistas saíram em defesa de Lorenzetti. Sibá Machado (PT-AC) disse que a idéia de Arthur Virgílio visava "constranger" o ex-dirigente da Unitrabalho. "Ele está aqui como testemunha. Não está sendo acusado de nada. Não pode ser constrangido a assinar nada", disse. Relator da CPI, Inácio Arruda (PC do B-CE) pediu que o tucano retirasse o pedido.
A discussão sobre a quebra de sigilo foi o único momento tenso do depoimento.
O ex-dirigente distribuiu cópia de ofício do Ministério Público do Estado de São Paulo sobre a auditoria feita na Unitrabalho. O documento diz que "não surgiu prova ou indício de aplicação indevida de valores da entidade fundacional [Unitrabalho] na empreitada referida [a compra do dossiê contra políticos do PSDB]".
Após Lorenzetti, foi a vez do presidente da Unitrabalho, Arquimedes Ciloni, depor à CPI das ONGs. O presidente disse que a entidade foi "injustiçada" e que o episódio do dossiê tucano prejudicou a assinatura de novos convênios.


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