|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Ex-dirigente de ONG se nega a abrir sigilos à CPI
ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ex-dirigente da Unitrabalho Jorge Lorenzetti negou-se
ontem a entregar voluntariamente seus sigilos bancário, fiscal e telefônico à CPI das ONGs
dos últimos cinco anos.
Ele afirmou que os dados já
foram repassados à CPI dos
Sanguessugas, que investigou a
sua participação na compra de
um dossiê contra políticos do
PSDB em 2006. À época, foi cogitada a hipótese do uso de recursos da ONG na operação.
Lorenzetti negou.
Durante depoimento à CPI, o
líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), pediu a Lorenzetti que assinasse requerimento autorizando a transferência dos seus sigilos. "Não
vou assinar este seu pedido
porque ele já foi atendido. Meu
sigilo já foi quebrado pelo Coaf
[Conselho de Controle de Atividades Financeiras], pela Receita [Federal] e pela PF. A CPI
[dos Sanguessugas] tem a cópia", disse.
À tarde, a Secretaria das Comissões do Senado consultou
os arquivos da CPI dos Sanguessugas e verificou que os dados não foram repassados. "De
fato, os dados não estão com o
Senado. Se quisermos ter acesso ao sigilo, teremos de aprovar
um requerimento", afirmou o
presidente da CPI, Raimundo
Colombo (DEM-SC).
O advogado de Lorenzetti,
Aldo dos Campos Costa, afirmou que a assinatura do requerimento seria "inócua". "O Supremo Tribunal Federal já se
manifestou sobre isso. Não há
como a própria pessoa permitir
o acesso ao seu sigilo", disse.
"Mesmo assim, o meu cliente
não tem nada a esconder. A
CPI, se quiser, poderá quebrar
o sigilo dele", completou.
Ainda durante o depoimento,
senadores governistas saíram
em defesa de Lorenzetti. Sibá
Machado (PT-AC) disse que a
idéia de Arthur Virgílio visava
"constranger" o ex-dirigente da
Unitrabalho. "Ele está aqui como testemunha. Não está sendo acusado de nada. Não pode
ser constrangido a assinar nada", disse. Relator da CPI, Inácio Arruda (PC do B-CE) pediu
que o tucano retirasse o pedido.
A discussão sobre a quebra
de sigilo foi o único momento
tenso do depoimento.
O ex-dirigente distribuiu cópia de ofício do Ministério Público do Estado de São Paulo
sobre a auditoria feita na Unitrabalho. O documento diz que
"não surgiu prova ou indício de
aplicação indevida de valores
da entidade fundacional [Unitrabalho] na empreitada referida [a compra do dossiê contra
políticos do PSDB]".
Após Lorenzetti, foi a vez do
presidente da Unitrabalho, Arquimedes Ciloni, depor à CPI
das ONGs. O presidente disse
que a entidade foi "injustiçada"
e que o episódio do dossiê tucano prejudicou a assinatura de
novos convênios.
Texto Anterior: Suplente: PTB indica senador acusado de desvio para compor CPI dos cartões Próximo Texto: Presidente do TSE diz que ficou surpreso com possível ação do PT Índice
|