|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
PT tem que fazer "boa salada" da vitória de Collor, diz Lula
Presidente afirma que derrota de petista em disputa por Infraestrutura não foi "surpresa"
Segundo Lula, indicação de petebista para comandar comissão estava dentro do acordo que elegeu Sarney presidente do Senado
Rafel Andrade/Folha Imagem
|
|
Lula aciona itnerruptor em laboratório do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense, em Cabo Frio, no Rio
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um dia depois da eleição do
senador Fernando Collor de
Mello (PTB-AL) para presidir a
Comissão de Infraestrutura do
Senado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que se
deve fazer do episódio "uma
boa salada".
Lula afirmou não ter recebido o resultado da vitória de Collor sobre a senadora Ideli Salvatti (PT-SC) com "surpresa"
porque a indicação do senador
de Alagoas para a comissão estava dentro do acordo que elegeu José Sarney (PMDB-AP)
presidente do Senado.
"Os votos que elegeram Collor foram os votos que elegeram Sarney. Não vejo isso com
surpresa", afirmou o presidente, depois de participar de reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social
sobre enfrentamento da crise
econômica mundial.
Collor derrotou Ideli por 13
votos a 10. Sua vitória é o desfecho das articulações que levaram Sarney a bater Tião Viana
(PT-AC) na disputa pela presidência do Senado, em fevereiro. Integrante da base do governo Lula, o PTB apoiou Sarney,
mas em troca pediu o comando
de uma comissão importante.
Lula não quis entrar na polêmica de que a Comissão de Infraestrutura, pelo critério de
proporcionalidade das bancadas do Senado, caberia ao PT. A
distribuição do comando das
comissões no Congresso sempre é feita de acordo com o tamanho das bancadas. Desse
modo, o PTB de Collor, que tem
a quinta maior bancada, só teria o direito de fazer a quinta
escolha. Por isso o PT, quarta
maior bancada, fez duras críticas ao lançamento da candidatura do ex-presidente.
"O PT teria direito [de assumir] se a proporcionalidade tivesse sido respeitada desde o
começo. Não foi. Vivendo e
aprendendo. E [vamos] fazer
disso uma boa salada", afirmou.
O ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, que é do mesmo partido
de Collor, chegou a pedir a interferência do presidente Lula
porque os ânimos entre PT e
partidos da base apoiadores de
Collor estavam muito acirrados, o que poderia comprometer a governabilidade.
Ontem, depois da vitória,
Múcio elogiou o ex-presidente.
"É um homem com experiência. Depois de todos os episódios que ele viveu e sofreu, passando muitos anos sem ter uma
posição de destaque, acho que a
eleição chega em boa hora."
PAC
O PT tinha interesse na Comissão de Infraestrutura porque cabe a ela, por exemplo, fiscalizar as obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). O partido teme que,
como Collor tinha também o
apoio da oposição, ele venha a
dificultar a vida da ministra
Dilma Rousseff (Casa Civil),
que comanda o PAC e cujo programa é sua principal bandeira
para eventual candidatura à
Presidência no ano que vem.
Depois de eleito, o ex-presidente disse que "sem dúvida" será
aliado do presidente Lula.
Antípoda de Lula na eleição
de 1989, Collor renunciou à
Presidência em 1992 depois de
sofrer um processo de impeachment. Indagado se a vitória de ontem seria "uma volta
por cima", o senador afirmou
que significa "uma volta com os
pés no chão".
Texto Anterior: Painel Próximo Texto: Frase Índice
|