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EM PERNAMBUCO
Prefeito de Recife faz afirmação e se retrata, alegando brincadeira
Pefelista diz que preferia ver Marco Maciel na Presidência
ELIANE CANTANHÊDE
Diretora da Sucursal de Brasília
Em entrevista a uma rádio local, o prefeito de Recife, Roberto
Magalhães (PFL), disse que o
país sairia mais rapidamente da
crise se o presidente Fernando
Henrique Cardoso "tirasse umas
longas férias" e o vice-presidente Marco Maciel assumisse.
Magalhães criticou a equipe de
governo como "um grupo de intelectuais que estudou nos Estados Unidos e conhece muito
bem Nova York", fazendo um
contraponto a favor de Maciel,
pernambucano e pefelista assim
como ele.
Com FHC viajando, disse Magalhães, o país passaria a ser governado "por um homem que
sabe das necessidades do Nordeste e o que é pobreza".
Na própria entrevista à rádio, o
prefeito frisou que estava brincando ao sugerir que FHC fizesse uma longa viagem para a Europa. Ontem, ele repetiu para a
Folha que foi "só uma brincadeira" e que estava arrependido.
Entretanto, fez críticas à política
econômica.
"Cometi uma falha imperdoável e me penitencio. Em política,
não se brinca com coisa séria. Eu
brinquei e me dei mal. Estou
amargurado. As pessoas vão
pensar que sou doido ou golpista", disse, por telefone.
Depois, o prefeito admitiu que
tem queixas, sim, contra o governo federal: "É verdade que
Recife está perdendo muito por
erros de Brasília. A situação social é grave".
Segundo ele, a capital pernambucana tem uma arrecadação
anual próxima a R$ 500 milhões
e perdeu em torno de R$ 101 milhões nos dois últimos anos por
culpa de Brasília.
Metade da perda foi com o FEF
(Fundo de Estabilização Fiscal),
com a Lei Kandir (que acabou
com o ICMS sobre exportações)
e com o Fundef (o fundo da educação). A outra metade, "com o
atraso enorme no repasse das
verbas orçamentárias".
A entrevista de Magalhães à
rádio foi na terça-feira e repercutiu negativamente ontem em
Brasília, onde um terceiro pernambucano do PFL, o deputado
Inocêncio Oliveira, já havia dado um prazo de 90 dias para o
governo controlar a crise do
câmbio.
Ontem mesmo, Magalhães
tentou se justificar com Maciel,
que estava em Londrina (PR).
Conseguiu apenas falar com o
chefe de gabinete do vice-presidente, Roberto Parreira, insistindo que tudo fora uma brincadeira.
O prefeito visitou obras ontem
ao lado do presidente da CEF
(Caixa Econômica Federal), o
também pernambucano Emílio
Carazzai, ligado ao PFL.
Num discurso, o prefeito de
Recife disse que gostaria mesmo
de ver Marco Maciel na Presidência, "mas nunca por meio de
um golpe".
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