São Paulo, Sábado, 06 de Março de 1999
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CONFLITO
Ministro pedirá um inquérito contra integrantes do movimento, que se retirou de prédios públicos invadidos
Jungmann quer cobrar danos do MST

da Agência Folha


O ministro Raul Jungmann (Política Fundiária) disse ontem que os militantes do MST que invadiram os prédios do Incra em sete Estados responderão a inquéritos policiais.
Jungmann afirmou que os prédios serão reabertos pelos funcionários do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) por intermédio de oficiais de Justiça para a avaliação dos danos eventualmente causados pelos sem-terra.
O ministro disse que "os danos ao patrimônio público" serão cobrados dos sem-terra e da entidade (MST) que promoveu a invasão.
Sobre um possível indiciamento de líderes do MST envolvidos nas invasões de prédios públicos, Jungmann respondeu apenas que "essa é uma boa pergunta para a Polícia Federal".
Apesar de sua disposição de punir os responsáveis pelas invasões, Jungmann afirmou que está aberto ao diálogo, suspenso por causa de portaria que proíbe a qualquer funcionário do Incra negociar com sem-terra quando há invasões de prédios do órgão.
Disse que os movimentos sociais devem pressionar a favor da reforma agrária, mas sem desrespeitar o regime democrático.
"Há 47% de cortes nas verbas do Incra, mas nós iremos reverter esses cortes até o final deste ano. Já há R$ 200 milhões assegurados para a reforma agrária", disse ele.

Saída
Os manifestantes que invadiram o Incra em quatro Estados Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Goiás e Paraíba deixaram os prédios ontem. Em Porto Alegre, os sem-terra saíram também do prédio do Ministério da Fazenda, invadido anteontem. Os trabalhadores rurais já tinham saído das superintendências de Pernambuco e Sergipe, anteontem.
Um acordo com o governo federal marcou para terça-feira, em Brasília, reunião de representantes dos sem-terra com os ministros Jungmann e Francisco Turra (Agricultura) e com o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Pedro Parente.
O objetivo das invasões no Incra era o de pressionar o governo federal a realizar modificações na política agrária e protestar contra o corte de créditos agrícolas.
De acordo com o coordenador do MST João Pedro Stedile, o objetivo foi também protestar contra cortes na área social do governo.

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