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INVESTIGAÇÃO
Nota de juíza nega guarda de documento original
Processo contra Nacional ainda não foi encontrado, diz BC
da Sucursal de Brasília
O Banco Central ainda não encontrou os originais de seu processo administrativo sobre o Banco Nacional, ao contrário do que
anunciou na noite de anteontem.
A juíza da 4ª Vara Federal no
Distrito Federal, Selene Maria de
Almeida, divulgou ontem nota
oficial afirmando que os originais
do processo não se encontram
sob a sua guarda, apenas cópias.
Um dia antes, o BC anunciou
que havia recebido um telefonema de uma funcionária da 4ª Vara
Federal comunicando que os originais encontravam-se em juízo.
A nota divulgada pela juíza desmente a declaração do BC.
Quanto à nota, o BC distribuiu
ontem o ofício encaminhado à
juíza no dia 13 maio de 98, pelo
ex-presidente da instituição Gustavo Franco, dando conta de que
enviou o processo para a extração
das "cópias julgadas necessárias".
A juíza não quis comentar o caso.
O BC não ficou satisfeito com as
declarações da juíza e insiste em
responsabilizar a 4ª Vara Federal
pelo sumiço dos documentos.
A Folha tentou ter acesso à documentação que está na 4ª Vara.
Uma funcionária disse que o processo é sigiloso.
Com isso, voltaram à estaca zero as buscas do BC para encontrar
os originais de uma das mais importantes peças elaboradas pela
sua fiscalização: a investigação
das irregularidades administrativas cometidas por dois ex-dirigentes e um ex-controlador do
Nacional. Quando sumiu, o processo já estava em fase final de
conclusão. O BC tem prazo até 30
de junho para aplicar aos envolvidos penas de multa ou inabilitação para exercer cargos em instituições financeiras.
Na falta dos originais, o BC poderá usar as cópias do processo
para aplicar as punições. Mas, na
nota, a juíza dá a entender que
não vai remeter as cópias para o
BC. "As cópias do processo administrativo continuarão em juízo
para instrução da demanda", afirma a nota. A juíza se referiu à ação
de improbidade administrativa
movida pelo Ministério Público
Federal contra ex-dirigentes do
BC e do Nacional.
Eles são acusados de ilegalidades no empréstimo feito pelo
Proer, programa de socorro aos
bancos, para viabilizar a incorporação do Nacional pelo Unibanco.
Entre os acusados pelo Ministério Público constam os nomes do
ex-presidente do BC Gustavo Loyola e de Ana Lúcia Magalhães
Pinto, ex-nora do presidente Fernando Henrique Cardoso.
Independentemente da ação judicial, o BC não está livre do constrangimento de não encontrar os
originais do processo que investiga fraudes em um banco que deve
R$ 15,217 bilhões aos cofres públicos. O processo apura suspeitas
de graves irregularidades na gestão do Nacional, entre elas as 652
contas fictícias criadas por ex-dirigentes para simular boa saúde
financeira do banco.
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