São Paulo, segunda-feira, 06 de abril de 2009

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Suposto envio de dinheiro ao Peru será investigado

DA REPORTAGEM LOCAL

Com base no relatório da Polícia Federal, o Ministério Público Federal deverá levar a Operação Castelo de Areia ao Peru, onde a empreiteira Camargo Corrêa, investigada por suposta evasão de divisas e lavagem de dinheiro, mantém uma carteira de projeto de quase US$ 400 milhões.
Segundo a PF, o suíço naturalizado brasileiro Kurt Paul Pickel, apontado no relatório entregue à Justiça como "articulador" do esquema ilegal, "orquestrava" remessas de dinheiro em espécie ao Peru.
"Pudemos constatar que no período em que elas [as entregas de dinheiro] foram efetuadas, estavam presentes em São Paulo, oriundos do mesmo voo do Peru, Aristoteles Santos Moreira Filho e Reinaldo Koblinski, o que aumenta nossas suspeitas de que os mesmos encaminham dinheiro do grupo para o Peru", afirma a PF.
Em uma das conversas de Kurt captadas pela PF, ele diz a um interlocutor não identificado que o "cara do Peru" vai receber "mais US$ 500 mil". Moreira Filho e Koblinski, segundo a PF, trabalhariam para construtura no Peru. Eles também foram investigados, mas não chegaram a ser presos na operação Castelo de Areia como Kurt e outros quatro diretores da Camargo Corrêa, que deixaram a carceragem da polícia sábado passado.
De acordo com a Procuradoria Federal, será feita uma nova avaliação da participação dos envolvidos nos supostos crimes investigados pela operação e a sua relação com as obras da construtora no Peru.
Somente após a análise dos documentos apreendidos pela PF é que deverá ser dado andamento ao caso e formulado um pedido de cooperação a ser enviado às autoridades peruanas.
Outro país que também deverá ser acionado para cooperar é o Uruguai, onde, segundo a PF, atuam doleiros ligados a Kurt. O relatório cita depósitos, que somam US$ 810 mil, em três contas no exterior.

Outro lado
Por meio de um advogado, a Camargo Corrêa afirmou que desconhecia a afirmação da polícia e reiterou que não cometeu as ilegalidades das quais é acusada no caso.
Alberto Toron, advogado de Pickel, nega que seu cliente seja "articulador" dos supostos crimes.
"Ele nunca enviou dinheiro para ninguém. É um homem com uma reputação no mercado financeiro", afirmou Toron.
(JOSÉ ALBERTO BOMBIG e LILIAN CHRISTOFOLETTI)


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