São Paulo, terça-feira, 06 de abril de 2010

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Lula pede que nova equipe acelere obras

"Querem segurar minha voz, mas ninguém vai me segurar", afirma presidente, em reunião que marcou estreia de 11 ministros

Petista diz que quer encerrar o maior número de obras até o final do mandato e que fará campanha para Dilma após o fim do expediente

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva usou ontem a reunião ministerial de quatro horas para mandar sua nova equipe acelerar a conclusão de obras e enfatizar que fará campanha para sua candidata Dilma Rousseff (PT).
Durante o encontro, que marcou a estreia de 11 ministros, Lula mandou um recado claro à oposição. "Querem segurar minha voz, mas ninguém vai me segurar", disse, acrescentando que tem partido e candidata e que fará campanha para ela fora do expediente e nos fins de semana.
O vice, José Alencar (PRB), discursou na mesma linha. Ele reconheceu que todos precisam ter "cautela" para evitar problemas com a Justiça Eleitoral, mas isso não significa ter "medo" da ofensiva eleitoral.
Na primeira reunião com os novos titulares de pastas estratégicas como Casa Civil e Minas e Energia, Lula deu ordem expressa: agilizar as obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) para inaugurar todas as que forem possíveis até o fim do governo.
O PAC é considerado pelo governo como a principal vitrine eleitoral de Dilma, chamada por Lula de "mãe" do programa, e a inauguração das obras previstas serve de palanque para o presidente e para a ex-ministra em ano eleitoral.
Lançada no dia 29 de março, a segunda versão do PAC está inflada, como a Folha mostrou, com uma série de ações que constavam do primeira etapa.
Outra reportagem mostrou que o governo maquiou balanços do programa para esconder atrasos nas principais obras.
"O presidente afirmou que quer participar das inaugurações dos projetos porque tem várias obras no Brasil inteiro para inaugurar", disse Alexandre Padilha (Relações Institucionais) após a reunião.
Lula citou dados no PAC, dizendo que nos dois primeiros meses deste ano houve aumento de 136% na execução das obras em comparação ao mesmo período de 2009. Segundo o último balanço do governo, porém, foi concluído pouco mais de 40% do programa, que termina neste ano.
O presidente também pediu aos novos ministros que não inventem, apenas cumpram o que está em andamento.
O encontro foi dividido em três partes: na primeira, o advogado-geral da União, Luiz Inácio Adams, falou sobre a Lei Eleitoral e restrições impostas ao governo. Depois, o ministro Guido Mantega (Fazenda) avaliou a economia e fez projeções para o ano e, no final, Lula pediu agilidade nas obras e nos investimentos e que não haja descontinuidade dos projetos.

Ética
Sobre a disputa entre PT e PSDB à Presidência, Padilha se antecipou a um tema inerente ao debate, dizendo que o governo não teme questões éticas.
"Nós queremos entrar nesse debate sobre a ética, temos o que mostrar sobre a aliança PSDB e DEM. O PSDB e o DEM não têm moral para falar sobre tema ético do governo do presidente Lula. Nós temos o que mostrar, o que o nosso governo fez no combate à corrupção, na atuação da CGU, da Polícia Federal, e o que foi feito pelos governos anteriores", disse.
Lula pediu que a AGU (Advocacia-Geral da União) tenha canal aberto com os ministros para discutir dúvidas sobre o processo eleitoral. Segundo Padilha, a principal questão foi sobre a publicidade institucional.
Quanto à participação de Dilma em eventos do governo, o ministro afirmou que caberá à coordenação de sua campanha, mas reiterou que ela tem passe livre para participar de atos até o início de julho, data do registro oficial de sua candidatura.
"Não existe vedação a nenhum pré-candidato de participar de qualquer atividade de inauguração de obras. Essa vedação existe a partir da data em que se oficializa a candidatura." (SIMONE IGLESIAS, LEILA COIMBRA e VALDO CRUZ)


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