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PARTIDOS EM CRISE
Afilhado de Mário Covas, secretário paulista deve ser eleito presidente do partido no próximo dia 19
Tasso avaliza José Aníbal na chefia do PSDB
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O deputado federal licenciado e
secretário estadual de Ciência,
Tecnologia e Desenvolvimento
Econômico de São Paulo, José
Aníbal (SP), deverá ser o novo
presidente do PSDB. O deputado
federal Márcio Fortes (RJ) tende a
continuar no posto de secretário-geral. O nome de Aníbal é resultado de uma articulação comandada pelo governador do Ceará,
Tasso Jereissati, e pelo presidente
da Câmara, Aécio Neves (MG).
O presidente Fernando Henrique Cardoso já havia dado a bênção à operação. O ministro José
Serra (Saúde), porém, tenta revertê-la com pouca chance de sucesso. A escolha de Aníbal representará um freio no projeto presidencial de Serra.
O ministro da Saúde, que não
emplacou o ex-quercista e deputado federal Alberto Goldmann
(SP), retirou a antiga objeção ao
ministro Pimenta da Veiga (Comunicações) a fim de tentar impedir a eleição de Aníbal no próximo dia 19. A improvável opção
por Pimenta será vista como ruim
para Serra, mas em menor escala
do que a vitória de Aníbal.
Pimenta prefere Tasso, que disputa com Serra a candidatura tucana ao Planalto em 2002.
A eleição de Aníbal é a tentativa
de construir uma nova cúpula
que resgate a imagem original social-democrata e ética do partido,
descolando-se do governo FHC e
de seus aliados, o PMDB e o PFL.
Aníbal é um dos poucos parlamentares tucanos que começou a
carreira no PT, em 1980. Ingressou no PMDB em 82. Aderiu ao
PSDB em 90. Eleito suplente de
deputado federal naquele ano, foi
efetivado em 93. Reeleito em 94,
tornou-se líder do PSDB na Câmara de 95 a 97. Novamente eleito, licenciou-se do cargo para integrar o secretariado de Covas.
Há um mês, diante das resistências a Pimenta, Tasso deu força
para Aníbal se articular com governadores, ministros e a maior
parte da bancada no Congresso.
Aníbal obteve o apoio do presidente da Câmara, Aécio Neves
(MG), dos governadores Dante de
Oliveira (MT), Geraldo Alckmin
(SP) e Almir Gabriel (PA), além
do próprio Pimenta.
O ministro das Comunicações
era o preferido de FHC, desde que
deixasse a pasta. Serra tenta obter
a permissão do presidente para o
acúmulo. Pimenta está avaliando
se continua com Aníbal ou se entra na articulação serrista. Parece
tarde para ter êxito.
Reagindo a Aníbal, Serra, FHC e
o ministro-chefe da Secretaria Geral, Aloysio Nunes Ferreira, chegaram a insistir no nome de Alberto Goldmann (SP).
Houve oposição. A principal
objeção: os vínculos de Goldmann com o quercismo, num
momento em que o PSDB quer
recuperar a raiz social-democrata
e se diferenciar do PMDB e do
PFL para disputar com boas
chances as eleições de 2002.
O PSDB surgiu de uma dissidência do PMDB quando Orestes
Quércia comandava o partido.
Um grupo minoritário chegou a
pensar em Aloysio, também um
ex-quercista, mas a idéia foi descartada. Aloysio e Goldmann deixaram o PMDB de Quércia nove
anos depois de criado o PSDB. Viraram tucanos apenas em 1997,
na época do inchaço do partido.
No final de abril, Goldmann,
com ajuda do presidente, de Serra
e de Aloysio, tentou reverter a articulação a favor de Aníbal, que
ganhou força com o apoio de Aécio. A união Aécio-Aníbal, com
apoio de Tasso, levou FHC a desistir de Goldmann. Uma saída
para Serra, a fim de não parecer
derrotado, é aceitar Aníbal, que
deverá deixar o secretariado de
Alckmin e voltar à Câmara.
O perfil de Aníbal combina com
os planos dos novos cardeais tucanos, como Aécio, de fazer do
PSDB um partido com voz mais
firme em relação ao governo e à
aliança que sustenta FHC.
De perfil agressivo, mas bom articulador, Aníbal é visto por Aécio
e Tasso como independente de
FHC e Serra. Para Tasso e Aécio, o
ministro da Saúde tem demonstrado apetite demais para ser o
candidato a presidente.
A idéia não é derrubar Serra.
Mas deixar claro que, se ele quiser
ser candidato, deverá buscar o
apoio do partido e não se impor
como fato consumado por apresentar, por ora, o melhor desempenho tucano em pesquisas.
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