São Paulo, sábado, 06 de maio de 2006

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Inquérito atinge 12 partidos e 62 parlamentares

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Câmara dos Deputados começou a analisar ontem os inquéritos que envolvem 12 partidos e 62 deputados federais, além de um suplente, na investigação da Polícia Federal sobre uma quadrilha que teria se especializado na venda de ambulâncias superfaturadas a prefeituras. Entre os citados estão integrantes da Mesa Diretora da Casa e líderes partidários.
Três legendas envolvidas no escândalo do mensalão, o PP (13), o PTB (12) e o PL (11), reúnem o maior número de citados, 36. Isso não significa que todos são suspeitos. Alguns são apenas citados por um investigado, sem nenhuma indicação de terem participado do esquema. Outros foram pegos pelos grampos telefônicos. Como os inquéritos correm em segredo de Justiça, não há detalhes das investigações.
A "Operação Sanguessuga" prendeu até ontem 47 pessoas supostamente ligadas ao esquema, entre elas dois ex-deputados, Carlos Rodrigues (PL-RJ) e Ronivon Santiago (PP-AC), e um assessor do senador Ney Suassuna, líder da bancada do PMDB. Também há suspeitas sobre congressistas, mas eles possuem foro privilegiado. Por isso, seus casos serão analisados pela Procuradoria Geral da República.
Muitas das pessoas envolvidas no esquema são assessores e ex-assessores de parlamentares, empresários e funcionários do Ministério da Saúde. Segundo a investigação, iniciada em 2004, eles montaram um esquema de venda das ambulâncias superfaturadas que usava verbas do Orçamento da União por meio de emendas de congressistas. O valor excedente era dividido entre os envolvidos. Segundo a PF, R$ 110 milhões foram movimentados pelas empresas acusadas desde 2001. Estima-se o rombo em cerca de R$ 50 milhões.
Os inquéritos chegaram na noite de anteontem à Câmara vindos da Justiça Federal do Mato Grosso, onde se concentram as investigações. A Câmara não decidiu que destino dar aos inquéritos.
Os integrantes da Mesa citados são Nilton Capixaba (PTB-RO), 2º secretário, Eduardo Gomes (PSDB-TO), 3º secretário, e João Caldas (PL-AL), 4º secretário. Os líderes partidários são Mario Negromonte (PP-BA), Paulo Baltazar (PSB-RJ) e Rodrigo Maia (PFL-RJ). Há ainda a citação aos nome do deputado Eduardo Paes (RJ), secretário-geral do PSDB. Pedro Henry (PP-MT) e Wanderval Santos (PL-SP), acusados de envolvimento no mensalão (mas absolvidos em plenário), também são citados. Não há nomes do PT e PC do B.
Nos inquéritos, parlamentares conversam com pessoas do esquema ou são citados nas conversas telefônicas. Um assessor de Laura Carneiro (PFL-RJ) diz a um integrante do esquema que a parlamentar estava "chateada e irritada" pela demora em receber um dinheiro, algo entre R$ 2 milhões e R$ 4 milhões. Ela nega vínculo com irregularidades.
(ADRIANO CEOLIN, SILVIO NAVARRO, RANIER BRAGON, LUCIANA CONSTANTINO E GUSTAVO PATU)


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