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Inquérito atinge 12 partidos e 62 parlamentares
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Câmara dos Deputados começou a analisar ontem os inquéritos que envolvem 12 partidos e 62 deputados federais,
além de um suplente, na investigação da Polícia Federal sobre
uma quadrilha que teria se especializado na venda de ambulâncias superfaturadas a prefeituras. Entre os citados estão integrantes da Mesa Diretora da
Casa e líderes partidários.
Três legendas envolvidas no
escândalo do mensalão, o PP
(13), o PTB (12) e o PL (11), reúnem o maior número de citados, 36. Isso não significa que
todos são suspeitos. Alguns são
apenas citados por um investigado, sem nenhuma indicação
de terem participado do esquema. Outros foram pegos pelos
grampos telefônicos. Como os
inquéritos correm em segredo
de Justiça, não há detalhes das
investigações.
A "Operação Sanguessuga"
prendeu até ontem 47 pessoas
supostamente ligadas ao esquema, entre elas dois ex-deputados, Carlos Rodrigues
(PL-RJ) e Ronivon Santiago
(PP-AC), e um assessor do senador Ney Suassuna, líder da
bancada do PMDB. Também
há suspeitas sobre congressistas, mas eles possuem foro privilegiado. Por isso, seus casos
serão analisados pela Procuradoria Geral da República.
Muitas das pessoas envolvidas no esquema são assessores
e ex-assessores de parlamentares, empresários e funcionários
do Ministério da Saúde. Segundo a investigação, iniciada em
2004, eles montaram um esquema de venda das ambulâncias superfaturadas que usava
verbas do Orçamento da União
por meio de emendas de congressistas. O valor excedente
era dividido entre os envolvidos. Segundo a PF, R$ 110 milhões foram movimentados pelas empresas acusadas desde
2001. Estima-se o rombo em
cerca de R$ 50 milhões.
Os inquéritos chegaram na
noite de anteontem à Câmara
vindos da Justiça Federal do
Mato Grosso, onde se concentram as investigações. A Câmara não decidiu que destino dar
aos inquéritos.
Os integrantes da Mesa citados são Nilton Capixaba (PTB-RO), 2º secretário, Eduardo
Gomes (PSDB-TO), 3º secretário, e João Caldas (PL-AL), 4º
secretário. Os líderes partidários são Mario Negromonte
(PP-BA), Paulo Baltazar (PSB-RJ) e Rodrigo Maia (PFL-RJ).
Há ainda a citação aos nome do
deputado Eduardo Paes (RJ),
secretário-geral do PSDB. Pedro Henry (PP-MT) e Wanderval Santos (PL-SP), acusados
de envolvimento no mensalão
(mas absolvidos em plenário),
também são citados. Não há
nomes do PT e PC do B.
Nos inquéritos, parlamentares conversam com pessoas do
esquema ou são citados nas
conversas telefônicas. Um assessor de Laura Carneiro (PFL-RJ) diz a um integrante do esquema que a parlamentar estava "chateada e irritada" pela
demora em receber um dinheiro, algo entre R$ 2 milhões e R$
4 milhões. Ela nega vínculo
com irregularidades.
(ADRIANO CEOLIN, SILVIO NAVARRO, RANIER BRAGON, LUCIANA CONSTANTINO E GUSTAVO PATU)
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