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NOVO ESCÂNDALO
Nos telefonemas, foi procurada só a palavra "deputado'; polícia admite hipótese de assessores terem agido sozinhos
PF prevê envolvimento de mais congressistas
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O delegado da Polícia Federal
Tardeli Boaventura, responsável
pela Operação Sanguessuga, afirmou ontem que mais nomes de
parlamentares poderão aparecer
nas investigações sobre o esquema de compra fraudulenta de ambulâncias por prefeituras com
verbas do Ministério da Saúde.
Boaventura disse ainda que deverá solicitar prisões preventivas
(por tempo indeterminado) de algumas das 47 pessoas que já se encontram detidas por prisão temporária (de cinco dias). Ainda faltam 7 dos 54 mandados de prisão
temporária a serem cumpridos.
A PF deu prazo para que as pessoas se apresentem até hoje, caso
contrário serão consideradas foragidas. "Já estamos monitorando aeroportos", disse Boaventura.
Ontem, Suelene Almeida Bezerra,
assessora do deputado Reginaldo
Germano (PP-BA), foi a 47ª pessoa a ser presa. Ela apresentou-se
à PF em Brasília no fim da tarde .
Segundo o delegado, os pedidos
de prisão preventiva deverão ser
feitos em decorrência do cruzamento de informações apuradas e
dos depoimentos que ainda estão
sendo tomados. Anteontem, todas as pessoas presas começaram
a ser transferidos para Cuiabá para prestar depoimento.
Boaventura disse que a lista de
62 parlamentares citados nos diálogos foi feita a pedido da Justiça
Federal, que a encaminhou a Supremo Tribunal Federal, Senado,
Câmara e Procuradoria-Geral da
República. Segundo o delegado,
os nomes dos deputados surgiram nas conversas gravadas com
autorização judicial. "Nós fizemos um levantamento [nas transcrições das conversas] para identificar onde a palavra-chave "deputado" era mencionada."
É por causa dessa metodologia
que o delegado considera a hipótese de surgirem mais parlamentares, já que os nomes deles podem ter sido mencionados sem o
uso da palavra "deputado".
Boaventura também não descarta, porém, que assessores possam ter agido por conta própria.
O delegado contou que não
houve tempo para investigar, caso
a caso, todos os nomes de parlamentares mencionados nas conversas. "Nós só repassamos os nomes. Não fizemos distinção nem
juízo de valor", afirmou.
Com a quebra de sigilos bancário, fiscal e telefônico de dezenas
de pessoas, a PF detectou também
movimentações financeiras até
cinco vezes superiores à renda declarada em determinado ano, por
parte de alguns dos assessores
acusados de envolvimento.
Boaventura afirmou que mais
de 200 páginas com diálogos que
mencionam parlamentares foram
encaminhadas à Justiça.
O procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, já
recebeu os documentos dessa investigação para decidir que providências tomar em relação aos deputados suspeitos de envolvimento. Ele poderá pedir a abertura de inquérito no STF.
Muitos dos deputados citados
nas gravações devem ser excluídos da apuração porque não haveria outros indícios contra eles.
O nome deles pode ter sido usado
indevidamente em negociações.
Além de fraude na compra de
ambulâncias envolvendo o Ministério da Saúde, há indícios de irregularidades na aquisição de equipamentos em outras áreas do governo, em especial no programa
de inclusão digital, do Ministério
da Ciência e Tecnologia. Também
há suspeita de desvio de dinheiro
público na compra de automóveis
e de medicamentos.
(ADRIANO CEOLIN E SILVANA DE FREITAS)
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