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JUDICIÁRIO
Advogado contesta denúncia contra juiz e diz que "ninguém pode ser acusado duplamente pelo mesmo fato"
Juiz Rocha Mattos agora é acusado de lavagem de dinheiro
FREDERICO VASCONCELOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O Tribunal Regional Federal recebeu nova denúncia contra o juiz
federal João Carlos da Rocha Mattos, agora sob a acusação de lavagem de dinheiro. Nas investigações sobre a compra da cobertura
duplex onde ele morava, no bairro de Higienópolis, em São Paulo,
o Ministério Público Federal descobriu que o pagamento foi feito
em espécie, com dólares levados
por Rocha Mattos numa sacola.
Preso preventivamente em novembro de 2003 durante a Operação Anaconda, acusado de formação de quadrilha, Rocha Mattos
foi condenado na semana passada a 4 anos e 4 meses de prisão por
abuso de poder e denunciação caluniosa contra um juiz federal e
um procurador da República.
O magistrado acumula três condenações, contra as quais ainda
cabem recursos, com penas no total de 10 anos e quatro meses. Ele
está preso preventivamente em
um quartel da Polícia Militar.
Rocha Mattos e mais cinco pessoas foram acusadas de lavagem
de dinheiro na simulação da compra do apartamento por uma offshore uruguaia, a Cadiwel, que tinha como procurador Carlos Alberto da Costa Silva: preso na
Anaconda, ele era advogado do
doleiro "Toninho da Barcelona".
A Polícia Federal apreendeu cópia de contrato de câmbio pelo
qual a Cadiwel transferiu US$ 300
mil ao Banco Excel Econômico,
nas Bahamas. As provas mostrariam, contudo, que a compra do
apartamento havia sido feita um
mês antes, com pagamento em
dólares. Para liquidação do contrato, foi entregue ao juiz um cheque endossado pelo advogado e
depositado na conta de uma empresa listada na CPI do Narcotráfico. A denúncia ainda aponta indícios de lavagem de dinheiro na
aquisição de uma casa, também
com a participação de Costa Silva.
O advogado Antônio Celso Galdino Fraga, que defende Rocha
Mattos, aguarda o acórdão para
impetrar habeas corpus no Superior Tribunal de Justiça sob alegação de que a acusação é atípica.
Segundo o advogado, como a denúncia sugere que o juiz cometeu
corrupção passiva, suposto crime
antecedente, ele não poderia responder por lavagem de dinheiro.
"Ninguém pode ser acusado duplamente pelo mesmo fato", diz.
A advogada Daniela Pellin, que
defende Rocha Mattos no processo de denunciação caluniosa, informa que também vai recorrer
da decisão por atipicidade da denúncia. Ela diz que a condenação
foi por maioria e identifica "uma
série de divergências nos votos".
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