São Paulo, sábado, 06 de maio de 2006

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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA

Tucanos querem conter avanço de Lula sobre partido e cogitam oferecer vaga de vice a Jarbas Vasconcelos; Bornhausen evitaria resistência do PFL

Cerco ao PMDB vira prioridade no PSDB

CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Numa reunião que invadiu a madrugada de ontem, a cúpula do PSDB elegeu como prioridade a investida sobre o PMDB.
À mesa, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o governador Aécio Neves, o presidente nacional do PSDB, Tasso Jereissati (CE), e o pré-candidato à Presidência, Geraldo Alckmin, decidiram se dedicar à tarefa de, pelo menos, impedir que o PMDB se alie ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, numa ofensiva que inclui a oferta da vice ao partido.
Nessa resposta ao assédio do PT aos peemedebistas -nesta semana, o ministro Tarso Genro (Relações Institucionais) ofereceu a vaga de vice na chapa à reeleição de Luiz Inácio Lula da Silva ao presidente da legenda, Michel Temer-, os tucanos enxergam no ex-governador de Pernambuco, o peemedebista Jarbas Vasconcelos, o vice ideal. Mas, além das dificuldades internas do PMDB, têm dúvidas de que Jarbas desista de uma candidatura favorita ao Senado para se aventurar numa chapa à Presidência.
Como o próprio presidente do PFL, Jorge Bornhausen (SC), defende a indicação de Jarbas para a vice -até porque sonha com a aliança com o PMDB em Santa Catarina- os tucanos acreditam que ele conteria a reação pefelista.
Na reunião, os tucanos dividiram tarefas e analisaram a relação com o PMDB nos diferentes Estados. O Rio e São Paulo foram encarados como obstáculos.
O PPS e o PDT também são alvo da ofensiva tucana, que pretende ampliar seu tempo de exposição em rádio e TV.
Ontem, já em São Paulo, Alckmin reafirmou seu interesse na aliança com o PMDB. "Se o PMDB decidir não ter candidato, o PSDB vai trabalhar [para tê-lo como aliado]", disse.
Segundo Aécio, essa estratégia será desenhada com o PFL e ganhará visibilidade após o encontro do PMDB, no dia 13.

Terço disputado
Anfitrião do encontro, Aécio levou ao Palácio das Mangabeiras o sociólogo Marcos Coimbra, sócio do instituto Vox Populi, para uma análise do cenário. Pelo diagnóstico, um terço do eleitorado é pró-Lula. Outro, contra. O restante é terreno a ser explorado. Caberia a Alckmin se consolidar como alternativa a Lula e conquistar esse universo de eleitores.
Cotado para assumir a comunicação da campanha, o jornalista Luiz Gonzalez acompanhou Alckmin na reunião.
Os tucanos perguntaram se a pesquisa -com números similares a outras já divulgadas- refletia as inserções apresentadas no horário gratuito. Dizendo que não, Coimbra aposta numa tendência de crescimento após a propaganda partidária. Ele disse que o tom cuidadoso atende às exigências legais, no pós-escândalo.
Além da negociação com partidos, a disposição é de impor sacrifícios ao PSDB nos Estados em nome da aliança. Mas a avaliação é de que não se concretizará o acordo com o PFL no Maranhão.
Segundo Aécio, a montagem dos palanques nos Estados é fundamental para alavancar a candidatura de Alckmin. "A prioridade número um é consolidar os palanques regionais", disse ele.
Na reunião, os tucanos também decidiram que Minas e os Estados do Nordeste deverão ser priorizados por Alckmin. Em Minas, apesar da confortável posição de Aécio, candidato à reeleição, o desempenho de Alckmin é ruim. Até por isso, a convenção nacional do PSDB, em 11 de junho, deverá ser no Estado.
Segundo Aécio, o PSDB tentará fazer com que Alckmin ganhe de 10 a 15 pontos nas pesquisas nos meses de maio e de junho, especialmente no próximo mês, quando o partido terá mais programas de rádio e televisão.
O candidato ocupará parte do tempo a que os diretórios estaduais têm direito. Segundo o coordenador da campanha, senador Sérgio Guerra (PSDB-PE), parlamentares serão convidados a participar da elaboração do programa. A primeira reunião será sobre agronegócio.


Colaboraram CHICO DE GOIS, da Reportagem Local, e PAULO PEIXOTO, da Agência Folha em Aimorés (MG)


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