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Déficit e problemas políticos marcam o governo gaúcho
À frente do RS, Yeda Crusius tem conflitos com servidores, aliados e até com vice
Com Estado endividado, tucana buscou nos números motivos para descumprir compromissos assumidos em campanha eleitoral
SIMONE IGLESIAS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
A primeira gestão do PSDB e
de uma mulher à frente do governo do Rio Grande do Sul,
com Yeda Crusius, 62, vem sendo marcada por uma série de
problemas políticos e econômicos que têm desgastado a imagem da economista.
O jeito calmo e pausado de
falar de Yeda contrasta com o
estilo rígido e conflituoso que
ela adotou para colocar em prática seu plano de gestão, que
passa pelo controle drástico
dos gastos e por mudança de
cultura do servidor público.
A maneira de governar da tucana vem provocando permanente fogo cruzado com partidos da base aliada, que se
opõem às suas medidas; com os
chefes dos outros Poderes,
obrigados a diminuir despesas;
com parte do funcionalismo,
que há dois meses está com o
salário atrasado; e com o vice-governador, Paulo Afonso Feijó
(DEM, ex-PFL), com quem já
trocou farpas publicamente.
Os entraves financeiros do
Rio Grande do Sul são o ponto
de partida para os conflitos.
Com déficit de R$ 2,2 bilhões
em caixa, dívidas de curto prazo com fornecedores de R$ 1,6
bilhão, débito com a União de
R$ 33 bilhões e sem recursos
para investimentos, Yeda buscou nos números motivo para
descumprir compromissos de
campanha, gerando a indignação de aliados e ampliando a
crise com seu vice.
Antes mesmo de assumir o
governo, em dezembro do ano
passado, a governadora tentou
aprovar projeto que previa o
aumento do ICMS. Foi derrotada e passou a conviver com o
estigma de quem descumpre a
palavra e com menor projeção
de dinheiro em caixa.
Diante de uma folha de pessoal de R$ 450 milhões, Yeda
contingenciou os salários dos
funcionários do Executivo com
ganhos acima de R$ 2.500.
Oposição
Yeda decidiu também colocar à venda ações preferenciais
-sem direito a voto- do Banrisul (Banco do Estado do Rio
Grande do Sul) para gerar fundo para aposentadorias. A oposição a acusou de querer privatizar o banco. Na campanha, a
tucana percorreu o Estado com
um casaco do Banrisul, para demonstrar que iria privatizá-lo.
Ao reduzir o número de cargos de confiança, que baliza o
grau de comprometimento dos
aliados, e deixar de fora do primeiro escalão o DEM, partido
do vice, Yeda tem de conviver
com base frágil na Assembléia.
Com a demissão do secretário da Segurança Enio Bacci, a
governadora criou discórdia
com o PDT, que era da base e
decidiu se afastar do governo.
O mais recente problema da
governadora foi com o vice Feijó. A convite do PT, ele foi à Assembléia denunciar supostas
irregularidades na gestão do
Banrisul. Yeda chamou o vice
de "irresponsável" e "leviano".
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