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Jobim enfrenta líderes do PMDB e apoia demissões na Infraero
Ministro da Defesa diz ao presidente Lula que a direção da estatal cumpre uma regra estatutária e que recuo do governo provocaria "uma desmoralização"
DA COLUNISTA DA FOLHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apesar de ser do PMDB, o
ministro da Defesa, Nelson Jobim, deu apoio ao presidente da
Infraero, brigadeiro Cleonilson
Nicácio, e avisou ao Palácio do
Planalto que a profissionalização da empresa que administra
aeroportos será mantida, pois a
reversão do processo provocaria "uma desmoralização".
Além do PMDB, que pressiona o presidente Lula para manter seus apadrinhados na Infraero, também o PT tem indicações políticas na estatal. Jobim, porém, avisou ao Planalto
que "esticará a corda" contra os
partidos, pois a abertura de capital da Infraero -velho plano
do governo- depende da profissionalização da empresa.
O desmonte dos cargos de
afilhados políticos começou
com base no novo estatuto da
estatal, de 16 de abril. Nos últimos dias, foram fechados 28
postos -ao final, serão 97.
Na última segunda, Jobim foi
surpreendido ao chegar ao Planalto para uma reunião com
Lula. Na antessala do presidente estavam três caciques do
PMDB: o presidente da Câmara, Michel Temer, o líder do governo no Senado, Romero Jucá,
e o líder do partido na Câmara,
Henrique Eduardo Alves, que
se sentiram diretamente atingidos pelas demissões.
Conforme a Folha apurou,
Jobim justificou a Lula que se
tratava de uma "regra estatutária" e que o governo não deveria interferir, e muito menos
voltar atrás. Depois que os demais foram embora, ele passou
pela sala do chefe de gabinete
de Lula, Gilberto Carvalho, e
avisou que, se houvesse recuo,
"seria uma desmoralização".
Já perderam o emprego Oscar Jucá e Taciana Canavarro,
respectivamente, irmão e cunhada de Jucá. Nas próximas
semanas, estão previstas as demissões de Mônica Azambuja,
ex-mulher de Alves, e também
Marcos Lomanto, irmão do ex-diretor da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) Leur
Lomanto, ligado ao PMDB.
Também teriam apadrinhados na Infraero três petistas:
presidente do PT, Ricardo Berzoini, o líder no Senado, Aloizio
Mercadante, e o ex-presidente
da Câmara Arlindo Chinaglia.
Pelos relatos, o clima na estatal é de acusações entre apadrinhados e funcionários efetivos,
que defendem as demissões.
"Alguns [apadrinhados] nem
sequer apareciam para trabalhar ou, se apareciam, não faziam nada", disse o presidente
da Associação Nacional de Empregados da Infraero, Carlos
Guapindaia. Ontem circulou a
informação de que as demissões teriam sido suspensas. A
Defesa e a Infraero negaram.
Hoje os indicados políticos
ocupam cargos de assessores
da presidência, de cinco diretorias e de oito superintendências, além de gerências regionais. Ganham salários que variam de R$ 3.598 a R$ 13.870. A
economia anual estimada com
os cortes é de R$ 19,5 milhões.
(ELIANE CANTANHÊDE, ALAN GRIPP e ANDRÉA MICHAEL)
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