São Paulo, quarta-feira, 06 de junho de 2001

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Artigo polêmico foi incluído pelo próprio governo

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O artigo que o governo tanto luta para retirar da Constituição foi incluído pelo próprio governo em 1995. O artigo que recebeu o número 246 fez parte de uma negociação política entre o presidente Fernando Henrique Cardoso e os seus aliados no Congresso.
O governo tentava acabar com o monopólio estatal na exploração do petróleo no país. A emenda constitucional nš 7 fazia parte do bloco de reforma da ordem econômica enviada ao Congresso pelo presidente no primeiro ano de seu mandato.
A quebra do monopólio gerou insegurança entre os próprios aliados do governo que temiam a privatização da Petrobras por um ato unilateral de FHC.
Para dar garantia de que não usaria medida provisória para regulamentar o fim do monopólio, o governo concordou em incluir um artigo na Constituição proibindo que temas tratados por emenda fossem objetos de MP.
"Foi uma circunstância política. O governo foi mudando de posição com relação ao tema", afirmou o líder do governo na Câmara dos Deputados, Arnaldo Madeira (PSDB-SP), que hoje defende a retirada do artigo.
"O artigo foi incluído na época porque se podia tudo. Agora haverá limitação dos assuntos e restrição na tramitação", afirmou o deputado Alberto Goldman (PSDB-SP), que presidiu a comissão especial que tratou do fim do monopólio do petróleo.

Percurso
O artigo 246 foi mantido na Constituição em diversas fases da votação da emenda que limita o uso de medidas provisórias. O projeto primeiramente foi aprovado pela Câmara em dois turnos com o artigo.
No Senado, também em dois turnos, o texto da Câmara recebeu algumas alterações, mas ficou mantido o artigo 246.
Quando o projeto voltou para a Câmara dos Deputados novamente, FHC se reuniu com o então relator da proposta, deputado Roberto Brant (PFL-MG), hoje ministro da Previdência, e pediu a retirada do artigo.
Brant elaborou então uma proposta trocando o artigo por acréscimos na lista de assuntos proibidos de serem tratados por medida provisória. É esse o projeto que o governo quer aprovar agora, ou seja, sem o artigo 246.


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