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Presidente do STF culpa Congresso pelo excesso
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do STF (Supremo
Tribunal Federal), ministro Marco Aurélio de Mello, responsabilizou ontem o Congresso pelo uso
excessivo de medidas provisórias
por parte do presidente Fernando
Henrique Cardoso.
Marco Aurélio de Mello considera que FHC não precisaria recorrer tanto a esse instrumento
caso o Congresso fosse mais rápido na aprovação de projetos. Na
semana passada, durante a posse
dele na presidência do Supremo,
FHC foi duramente criticado pelo
uso abusivo de MPs. O principal
ataque partiu do presidente da
OAB (Ordem dos Advogados do
Brasil), Rubens Approbato.
"O presidente da República não
teria o desgaste, não teria ouvido
o que ouviu, se o Poder Legislativo estivesse funcionando como a
população espera. Creio que é
tempo de mudança." Ele afirmou
haver "apatia" no Congresso.
O ministro disse ter esperança
na aprovação, antes do recesso de
julho, da proposta de emenda
constitucional que regulamenta o
uso de medidas provisórias.
"A minha confiança é absoluta
nos deputados e nos senadores.
Acredito que antes do recesso teremos disciplinado essa matéria.
Isso engrandeceria o Parlamento", afirmou Mello.
Crítico contumaz do abuso na
edição de MPs, ele disse ontem
que "o ideal" seria a reedição somente na sessão legislativa seguinte e não 29 dias depois da versão anterior.
O novo presidente do Supremo
disse preferir a limitação do uso
de MPs pelo Congresso do que
pelo tribunal. "Ia ser mais traumático se acontecesse como na
Itália, ou seja, se o Supremo desse
um basta e limitasse (o uso das
medidas)."
Marco Aurélio de Mello afirmou que "o próprio presidente da
República, como democrata, gostaria que cada Poder exercesse as
suas atribuições. O Legislativo legislando, o Executivo executando,
e o Judiciário, julgando".
Para o ministro, FHC "tem políticas em curso e precisa de normatização", mas "não conta com
a atuação do Congresso". Ele afirmou que "muitas vezes, a normatização não é eleitoreira" e que então o presidente ocupa "o espaço
aberto" pelo Legislativo.
Marco Aurélio de Mello defendeu a discussão de projetos de lei.
"É bom ter leis que passem por esse processo normativo, pelo Congresso, pelas comissões. O presidente sempre pode vetar depois."
O ministro perguntou: "Por que
vamos atribuir a um único homem a responsabilidade de legislar, havendo tantos deputados e
senadores?"
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