São Paulo, quarta-feira, 06 de junho de 2001

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Ex-diretor da PF será convocado a depor sobre carta

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O delegado Paulo de Tarso Teixeira, responsável pela nova investigação do dossiê Caribe, disse ontem que o ex-diretor-geral da PF Vicente Chelotti deverá ser convocado a depor para explicar porque não incluiu no inquérito anterior sobre o caso carta que dizia que Fernando Henrique Cardoso não tinha ligação com a empresa CH, J & T, das Bahamas.
"Acredito que vai ser necessário", disse Paulo de Tarso, quando indagado se Chelotti seria chamado a depor por ter omitido a carta, como revelou ontem o "Jornal do Brasil". Segundo a PF, Chelotti recebeu em 23 de dezembro de 1998 da Trident Corporate Services, empresa das Bahamas especializada em abrir companhias como a CH, J & T Inc, uma carta dizendo que FHC, o ministro da Saúde, José Serra, e o governador Mário Covas (morto em março deste ano) não tinham ligação com a companhia.
Questionado se Chelotti guardou segredo a respeito da carta para ter um suposto trunfo contra FHC (manter a dúvida de que o presidente e outros tucanos teriam envolvimento com uma empresa típica de quem quer esconder recursos no exterior), Paulo de Tarso disse: "Perguntem ao dr. Chelotti. Estamos apurando o que aconteceu com transparência. Não fomos investigar colegas, mas descobrimos o que descobrimos". De acordo com a PF, há três testemunhas que viram Chelotti receber a carta. O próprio advogado da Trident, Emerick Knowles, que lhe entregou o documento, e mais duas outras pessoas (uma estrangeira e uma brasileira).
No Planalto, avalia-se que Chelotti quis manter FHC e os tucanos na dúvida. O presidente temia que Sérgio Motta, ministro das Comunicações e tesoureiro de campanhas tucanas, pudesse ter algum negócio no exterior. Daí, o comportamento sempre cauteloso do Planalto para investigar o dossiê no exterior.
Agora, a PF, informada pelo FBI que Motta e nenhum outro tucano têm conexão com a CH, J & T, pediu às autoridades das Bahamas que enviem documento oficial sobre os diretores e proprietários da companha que deu origem ao dossiê Caribe.
Segundo Paulo de Tarso, a PF continuará a investigar no Brasil quem comprou o dossiê. "Temos de ver se agiram de má-fé, se foram iludidos, se encomendaram papéis e se tinham objetivos além dos políticos e empresariais."


Texto Anterior: Investigação: PF diz ter prova de que dossiê Caribe é falso
Próximo Texto: Outro lado: Em nota, Chelotti diz repudiar insinuações
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.