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Palocci é médico, não sente pressão, diz Lula
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula
da Silva procurou minimizar ontem as pressões sobre o ministro
da Fazenda, Antonio Palocci Filho, pela redução dos juros. "O
Palocci é médico, e os médicos
não sentem pressão. Ele não se
abala com isso. Posso dizer que
nós vamos fazer as coisas no tempo certo", disse o presidente em
entrevista à GloboNews.
A entrevista foi concedida por
volta de 12h30, horas depois de o
vice-presidente José Alencar ter
reafirmado, em Salvador, as críticas que havia feito na segunda-feira às altas taxas de juros.
Questionado sobre as declarações do vice, Lula respondeu apenas que gosta muito dele. Disse
que vai designá-lo para coordenar
um grupo de trabalho para estudar a transposição de águas para o
semi-árido nordestino. Segundo
Lula, não se trata da transposição
do rio São Francisco, como se estudou no governo anterior, porque isso poderia matar o rio.
Lula disse que não está procurando dar uma ocupação para o
vice, que estaria se sentindo desprestigiado no governo, nem tentando limitar sua importância política. Segundo ele, foi um pedido
do próprio Alencar, que teria recusado o convite para coordenar
a área de gestão estratégica do governo -entregue ao ministro
Luiz Gushiken, que também cuida da área de comunicação.
O ministro-chefe da Secretaria
Geral da Presidência, Luiz Dulci,
afirmou que as declarações de José Alencar estão em sintonia com
o pensamento de Lula.
"O vice-presidente exprime um
sentimento que é também do presidente, do ministro [da Fazenda,
Antonio] Palocci e do governo.
Queremos que o país volte a crescer e que as taxas de juros sejam
reduzidas. Nesse sentido, é uma
posição unitária do governo", declarou Dulci em São Paulo.
O presidente do PT, José Genoino, também minimizou o impacto das afirmações de Alencar.
"Declarações divergentes fazem
parte de um governo democrático
e pluralista. O governo tem comando, sabe aonde quer chegar,
negocia e tem um objetivo que está perseguindo de maneira determinada", afirmou.
Vaias
Dulci definiu como "normal" as
vaias recebidas por Lula anteontem no congresso da CUT (Central Única dos Trabalhadores).
"Consideramos normal e sintoma
de vitalidade da CUT. Ninguém
tem unanimidade. A grande
maioria recebeu o presidente com
entusiasmo, carinho e apoio."
Para Dulci, as vaias vieram de
tendências ligadas à candidatura
derrotada à Presidência de José
Maria de Almeida (PSTU). "Era
previsível a reação daqueles que já
discordavam de nós antes, inclusive apoiaram outro candidato a
presidente da República, num legítimo direito. Mas era um segmento pequeno", disse.
Dulci lembrou que não foi a primeira vez que grupos ligados a esses correntes vaiaram o presidente. "Quando fomos encaminhar
as propostas de reforma, havia
um pequeno grupo na rampa do
Congresso."
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