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São Paulo, sexta-feira, 06 de junho de 2003

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Palocci é médico, não sente pressão, diz Lula

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva procurou minimizar ontem as pressões sobre o ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, pela redução dos juros. "O Palocci é médico, e os médicos não sentem pressão. Ele não se abala com isso. Posso dizer que nós vamos fazer as coisas no tempo certo", disse o presidente em entrevista à GloboNews.
A entrevista foi concedida por volta de 12h30, horas depois de o vice-presidente José Alencar ter reafirmado, em Salvador, as críticas que havia feito na segunda-feira às altas taxas de juros.
Questionado sobre as declarações do vice, Lula respondeu apenas que gosta muito dele. Disse que vai designá-lo para coordenar um grupo de trabalho para estudar a transposição de águas para o semi-árido nordestino. Segundo Lula, não se trata da transposição do rio São Francisco, como se estudou no governo anterior, porque isso poderia matar o rio.
Lula disse que não está procurando dar uma ocupação para o vice, que estaria se sentindo desprestigiado no governo, nem tentando limitar sua importância política. Segundo ele, foi um pedido do próprio Alencar, que teria recusado o convite para coordenar a área de gestão estratégica do governo -entregue ao ministro Luiz Gushiken, que também cuida da área de comunicação.
O ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência, Luiz Dulci, afirmou que as declarações de José Alencar estão em sintonia com o pensamento de Lula.
"O vice-presidente exprime um sentimento que é também do presidente, do ministro [da Fazenda, Antonio] Palocci e do governo. Queremos que o país volte a crescer e que as taxas de juros sejam reduzidas. Nesse sentido, é uma posição unitária do governo", declarou Dulci em São Paulo.
O presidente do PT, José Genoino, também minimizou o impacto das afirmações de Alencar. "Declarações divergentes fazem parte de um governo democrático e pluralista. O governo tem comando, sabe aonde quer chegar, negocia e tem um objetivo que está perseguindo de maneira determinada", afirmou.

Vaias
Dulci definiu como "normal" as vaias recebidas por Lula anteontem no congresso da CUT (Central Única dos Trabalhadores). "Consideramos normal e sintoma de vitalidade da CUT. Ninguém tem unanimidade. A grande maioria recebeu o presidente com entusiasmo, carinho e apoio."
Para Dulci, as vaias vieram de tendências ligadas à candidatura derrotada à Presidência de José Maria de Almeida (PSTU). "Era previsível a reação daqueles que já discordavam de nós antes, inclusive apoiaram outro candidato a presidente da República, num legítimo direito. Mas era um segmento pequeno", disse.
Dulci lembrou que não foi a primeira vez que grupos ligados a esses correntes vaiaram o presidente. "Quando fomos encaminhar as propostas de reforma, havia um pequeno grupo na rampa do Congresso."


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