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JUDICIÁRIO
Na presença de Lula, Corrêa conclama juízes a elaborar projeto que preserve direitos ameaçados pela proposta da Previdência
Novo presidente do STF ataca reforma de Lula
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Na presença de Luiz Inácio Lula
da Silva, o novo presidente do
STF (Supremo Tribunal Federal),
ministro Maurício Corrêa, 69, criticou ontem, no discurso de sua
posse, a reforma da Previdência e
conclamou os juízes a elaborar
um projeto que preserve direitos
deles que estariam ameaçados pela proposta do governo federal.
Lula estava ao lado de Corrêa no
momento do discurso. "Eu seria
omisso se não deixasse expressa,
aqui e agora, a preocupação que
me assalta a propósito das profundas modificações que se pretende introduzir no regime remuneratório e previdenciário da magistratura nacional", disse Corrêa,
em um dos quatro momentos em
que foi aplaudido. Lula aplaudiu
apenas no final do discurso.
O ministro referia-se especificamente aos riscos de perda da aposentadoria integral, prevista para
juízes e demais servidores públicos, e de corte dos salários da administração pública que ultrapassarem o teto do funcionalismo,
previsto em R$ 17.170.
O magistrado afirmou que, assim como os militares, os juízes
são "servidores públicos especiais", porque são impedidos de
exercer outras atividades. "Assim
como os militares, que se constituem servidores públicos especiais, dá-se o mesmo com o juiz.
Impedido pela Constituição de
exercer outras atividades, senão
uma de magistério, vive essencialmente de seus subsídios."
Disse que, antes de chegar ao
STF, via como "privilégios" o que
hoje ele considera serem garantias dos magistrados e que os juízes não são "super-homens", apesar do volume de trabalho. Corrêa
convocou os presidentes de todos
os tribunais do país -superiores,
regionais federais, regionais do
Trabalho, de Justiça e de Alçada- e dirigentes de associações
de classe da magistratura para
uma reunião às 10h do dia 17 em
que serão colhidas sugestões.
Antes dele, discursaram o ministro Sepúlveda Pertence, o procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, e o presidente da
OAB, Rubens Approbato.
A descontração inicial de Lula,
que conversou várias vezes com
Corrêa durante a fala de Brindeiro, foi substituída pela seriedade
durante os dois últimos discursos.
Como Corrêa, Approbato atacou
duramente o governo e cobrou
medidas urgentes para ampliar
investimentos na área social e melhorar a distribuição de renda.
Antes da "convocação", o novo
presidente do STF reconheceu a
existência de déficit na Previdência e a necessidade de ajuste e disse que o Poder Judiciário irá colaborar para que essa crise seja superada. Em seguida, afirmou que
"os legisladores saberão encontrar os melhores rumos" na aprovação da proposta de reforma.
Após defender a manutenção
de direitos dos juízes, ele acrescentou: "Fique, porém, a magistratura tranquila, porque ela não
estará desamparada". Depois,
disse que não abrirá mão de exercer essa "liderança", na condição
de chefe do Judiciário. Nos dois
momentos, foi muito aplaudido.
Corrêa substituiu Marco Aurélio de Mello. A sucessão é por critério de antiguidade no tribunal.
Ele foi nomeado ministro em 1994
pelo ex-presidente Itamar Franco.
Mineiro de São João do Manhuaçu, se formou em 1960 em
ciências jurídicas e sociais pela Faculdade de Direito de Minas Gerais. Em Brasília desde a década
de 60, foi presidente da OAB por
quatro mandatos, de 79 a 86, senador pelo PDT de Brasília eleito
em 86 e ministro da Justiça do governo Itamar entre 92 e 94. No Senado, foi vice-presidente da CPI
que investigou Fernando Collor.
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