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TEORIA & PRÁTICA
Falando a ambientalistas, presidente diz que país foi submetido a "lavagem mental" pelos interesses do mercado
Lula pede "revolução" contra "individualismo"
WILSON SILVEIRA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva aproveitou ontem uma cerimônia comemorativa do Dia
Mundial do Meio Ambiente, no
Palácio do Planalto, para acusar
os interesses do mercado, de forma genérica, de serem responsáveis por uma "lavagem mental"
nos brasileiros.
"Nos últimos anos, o Brasil e os
brasileiros, em especial a nossa juventude, fomos submetidos a
uma verdadeira lavagem mental.
Os assim chamados interesses do
mercado ganharam legitimidade
oficial para se sobrepor às demais
instâncias da vida, seja a instância
social ou a ambiental. Inverteram-se valores, decretou-se a primazia dos meios sobre o fim, do
secundário sobre o principal, do
especulativo sobre o produtivo."
Essas críticas ocorrem num momento em que o governo é acusado, inclusive por aliados, de se
curvar aos interesses do mercado,
mantendo a política econômica
do governo anterior, e de privilegiar o setor financeiro em detrimento do setor produtivo, ao
manter as altas taxas de juros.
Interrompido diversas vezes
por aplausos, o presidente afirmou também que "tudo que se
conseguiu em nome da suposta
eficiência foi criar um ambiente
de perdas humanas intoleráveis,
uma contabilidade cujo ônus estamos pagando e cuja predominância será preciso vencer para
que possamos de novo recolocar
o primado dos valores humanos
acima do reinado das cifras".
Lula disse que um dos desafios
do seu governo é "promover uma
revolução mental na cabeça das
pessoas". Segundo ele, é preciso
"superar o individualismo estéril
que invadiu o imaginário brasileiro após uma década de pregação
hostil contra tudo que fosse bem
comum, contra o interesse coletivo, contra a soberania nacional,
contra os valores da solidariedade
e contra o patrimônio publico".
Para Lula, "de todos, este talvez
seja o fato mais corrosivo que herdamos -a silenciosa perda da
auto-estima, provocada por uma
campanha deliberada de desvalorização de tudo o que foi construído de forma pública neste país".
Falando para uma platéia de
ambientalistas, em solenidade no
Palácio do Planalto, o presidente
desta vez preferiu ler o discurso
escrito que levou.
"Hoje eu não vou falar fora do
meu discurso porque, como eu
improviso muito, não sai [na mídia] o meu discurso, só as coisas
que eu falo fora dele", afirmou.
Mogno
Durante a cerimônia, o presidente assinou decreto que determina que a exploração de mogno
em florestas nativas, primitivas
ou regeneradas somente será permitida sob a forma de manejo florestal sustentável.
Essa norma passa a vigorar no
próximo dia 10 de julho, quando
termina a proibição da comercialização de mogno, em vigor desde
o último dia 13 de fevereiro.
O decreto também proíbe, por
cinco anos, o abate de mogno em
áreas onde o desmatamento for
autorizado. A idéia é impedir que
o mogno dessas áreas venha a
competir com a madeira de florestas de manejo, que é mais cara.
Lula também assinou termo de
doação de 14.000 m3 de mogno
para organizações não-governamentais, que se obrigaram a investir os recursos provenientes da
venda (cerca de R$ 7 milhões) em
projetos de desenvolvimento sustentável. Há mais 26.000 m3 de
mogno ilegal apreendido, que
também serão doados.
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