São Paulo, domingo, 06 de junho de 2004

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ELEIÇÕES 2004

Ex-prefeito pretende fazer um pacto de não-agressão com Marta

Maluf quer usar TV para se defender

LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

O ex-prefeito Paulo Maluf (PP), pré-candidato na disputa pela Prefeitura de São Paulo, se articula para montar uma estratégia de defesa diante da seqüência de notícias que o relacionam ao desvio de dinheiro público e a contas milionárias no exterior.
O interesse é levar sua defesa para os programas eleitorais de TV, buscar apoios de peso e, nos bastidores, fechar um acordo de não-agressão com a prefeita Marta Suplicy (PT), que vê na entrada de Maluf na disputa uma forma de diminuir o potencial de votos do adversário José Serra (PSDB).
A última pesquisa Datafolha revela que o tucano está em primeiro lugar na disputa, com 26% das preferências de voto dos paulistanos, seguido por Marta e Maluf, empatados com 20%. Num dos cenários da pesquisa, com Maluf fora do páreo, o desempenho de Serra passa para 34%. Marta só varia de 19% a 21% -a margem de erro é de três pontos percentuais, para mais ou para menos.
Mas, dentro do próprio partido, Maluf enfrenta resistências. O deputado federal Celso Russomanno (PP-SP) diz que, quando a Promotoria oficializar uma ação, pedirá o afastamento do ex-prefeito. A isso, some-se a última semana, cujas notícias preocuparam o grupo malufista.
Na segunda-feira, a Promotoria da Cidadania, que investiga o ex-prefeito por desvio de dinheiro em obras públicas e remessa ilegal de milhões de dólares para a Suíça e para a ilha de Jersey, pediu à Justiça a quebra dos sigilos bancário e fiscal da família Maluf.
Durante a semana, duas testemunhas acusaram Maluf e o ex-secretário de Obras Reynaldo de Barros de desvio de dinheiro público. Armando Mellão Neto, ex-presidente da Câmara Municipal, e Marcos Feliciano, ex-motorista de Barros, disseram que dinheiro de propina era entregue em caixas de uísque recheadas de dólares. "Eu vi as caixas de uísque com os dólares", disse Mellão Neto.
A semana terminou com a Justiça paulista, que acolheu o pedido da Promotoria e decretou a quebra de sigilo da família Maluf.
"Em todas as campanhas políticas surgem acusações inverídicas contra Maluf. Sempre foi assim, mas ele também sempre foi um guerreiro", afirmou Jesse Ribeiro, fiel aliado e responsável por estratégia eleitoral e alianças políticas.

Na TV
Uma das iniciativas malufistas será levar para o primeiro programa de televisão ao qual o partido tem direito, no próximo dia 21, a versão do ex-prefeito sobre as investigações, mas sem fazer referências diretas às acusações.
Além de afirmar que Maluf foi o melhor prefeito que a cidade já teve, o conteúdo do programa de 20 minutos deverá reforçar a idéia de perseguição política contra ele.
A defesa de Maluf deverá ser reforçada por depoimentos pessoais do deputado federal Delfim Netto, cuja participação em programas malufistas não é novidade, e do presidente estadual do PP, deputado Vadão Gomes.
Pesquisas qualitativas, feitas com um pequeno grupo de eleitores malufistas e não-malufistas, deverão ser realizadas a cada dez dias para avaliar o impacto das notícias na população. "Até agora, os malufistas continuam malufistas, e os que não votam em Maluf, não votam. Ou seja, parece não ter existido uma mudança", afirmou o marqueteiro de Maluf, Marcelo Teixeira. A última pesquisa foi no dia 30.


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