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ELEIÇÕES 2004
Ex-prefeito pretende
fazer um pacto de não-agressão com Marta
Maluf quer
usar TV para
se defender
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
O ex-prefeito Paulo Maluf (PP),
pré-candidato na disputa pela
Prefeitura de São Paulo, se articula para montar uma estratégia de
defesa diante da seqüência de notícias que o relacionam ao desvio
de dinheiro público e a contas milionárias no exterior.
O interesse é levar sua defesa
para os programas eleitorais de
TV, buscar apoios de peso e, nos
bastidores, fechar um acordo de
não-agressão com a prefeita Marta Suplicy (PT), que vê na entrada
de Maluf na disputa uma forma
de diminuir o potencial de votos
do adversário José Serra (PSDB).
A última pesquisa Datafolha revela que o tucano está em primeiro lugar na disputa, com 26% das
preferências de voto dos paulistanos, seguido por Marta e Maluf,
empatados com 20%. Num dos
cenários da pesquisa, com Maluf
fora do páreo, o desempenho de
Serra passa para 34%. Marta só
varia de 19% a 21% -a margem
de erro é de três pontos percentuais, para mais ou para menos.
Mas, dentro do próprio partido,
Maluf enfrenta resistências. O deputado federal Celso Russomanno (PP-SP) diz que, quando a
Promotoria oficializar uma ação,
pedirá o afastamento do ex-prefeito. A isso, some-se a última semana, cujas notícias preocuparam o grupo malufista.
Na segunda-feira, a Promotoria
da Cidadania, que investiga o ex-prefeito por desvio de dinheiro
em obras públicas e remessa ilegal
de milhões de dólares para a Suíça
e para a ilha de Jersey, pediu à Justiça a quebra dos sigilos bancário
e fiscal da família Maluf.
Durante a semana, duas testemunhas acusaram Maluf e o ex-secretário de Obras Reynaldo de
Barros de desvio de dinheiro público. Armando Mellão Neto, ex-presidente da Câmara Municipal,
e Marcos Feliciano, ex-motorista
de Barros, disseram que dinheiro
de propina era entregue em caixas
de uísque recheadas de dólares.
"Eu vi as caixas de uísque com os
dólares", disse Mellão Neto.
A semana terminou com a Justiça paulista, que acolheu o pedido
da Promotoria e decretou a quebra de sigilo da família Maluf.
"Em todas as campanhas políticas surgem acusações inverídicas
contra Maluf. Sempre foi assim,
mas ele também sempre foi um
guerreiro", afirmou Jesse Ribeiro,
fiel aliado e responsável por estratégia eleitoral e alianças políticas.
Na TV
Uma das iniciativas malufistas
será levar para o primeiro programa de televisão ao qual o partido
tem direito, no próximo dia 21, a
versão do ex-prefeito sobre as investigações, mas sem fazer referências diretas às acusações.
Além de afirmar que Maluf foi o
melhor prefeito que a cidade já teve, o conteúdo do programa de 20
minutos deverá reforçar a idéia de
perseguição política contra ele.
A defesa de Maluf deverá ser reforçada por depoimentos pessoais do deputado federal Delfim
Netto, cuja participação em programas malufistas não é novidade, e do presidente estadual do
PP, deputado Vadão Gomes.
Pesquisas qualitativas, feitas
com um pequeno grupo de eleitores malufistas e não-malufistas,
deverão ser realizadas a cada dez
dias para avaliar o impacto das
notícias na população. "Até agora, os malufistas continuam malufistas, e os que não votam em
Maluf, não votam. Ou seja, parece
não ter existido uma mudança",
afirmou o marqueteiro de Maluf,
Marcelo Teixeira. A última pesquisa foi no dia 30.
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