São Paulo, segunda-feira, 06 de junho de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TODA MÍDIA

Como dominó

O "New York Times" entrou afinal na cobertura do escândalo, ontem.
Ecoando notícias e declarações das últimas semanas no Brasil, o texto de Larry Rohter dizia no título que "Líder do Brasil cai na defensiva conforme escândalo se espalha".
Ele se esforçou em traduzir o quadro aos americanos:
- O sistema do Brasil é estruturado de um jeito que torna impossível para um partido obter maioria no Congresso. O PT de Mr. da Silva, como seus predecessores, foi obrigado a formar coalizões com partidos menores cujas ideologias são flexíveis e cujos interesses maiores são clientelismo e outras pilhagens. Um deles é o PTB.
E tome ataque ao petebista Roberto Jefferson, "a quem o noticiário e os líderes de oposição acusam de ser o principal organizador e beneficiário de esquema de corrupção".
Não que ele resuma tudo. Citando Alagoas, Rondônia etc., o "NYT" recorreu a uma frase de Ricardo Kotscho, ex-assessor de imprensa Lula, num texto para o site Nomínimo:
- Há uma atmosfera de deterioração moral, falta de esperança, indignação, de cada um por si, tudo ao mesmo tempo.
 
Rohter não está sozinho ao pintar tal quadro.
A correspondente do "Clarín", Eleonora Gosman, descreve um governo "salpicado por denúncias de corrupção", desde que tudo começou há dez dias com Jefferson, que "conseguiu pôr um "amigo" nos Correios":
- Os casos caem sobre o governo como fichas de dominó.
E o editor para a América Latina do "Financial Times", Richard Lapper, dizia dos esforços de Mr. Lula da Silva para conter a CPI sobre "acusações de corrupção nos Correios, envolvendo um aliado-chave":
- Enquanto isso, Brasília hospeda o fórum global sobre corrupção a partir de terça.
 
Quanto à Globo, sexta e sábado o "JN" destacou as "novas denúncias" contra Jefferson, uma do site da revista "Veja", outra da revista "Época".
E no domingo a manchete do jornal "O Globo" dizia:
- Aliados de Jefferson comandam verbas de R$ 4 bi.

A PRÓPRIA CARNE
A operação federal, com Marina Silva à frente, ecoou pelo mundo como esperado. Do "Guardian", sob o título "Dezenas são presos por destruição da Amazônia":
- Brasil montou maior ataque ao crime ambiental.
Não faltou nem Larry Rohter, em registro no "NYT".
Mas ontem, depois que o "JN" abordou a participação do petista Hugo Werle no esquema, a ministra do Meio Ambiente soltou o verbo, na manchete da Globo News:
- Mesmo tendo gente com envolvimento partidário, foram investigadas e foram demitidas. É o que o gestor público faz. A minha responsabilidade era de extirpar o tumor. Em quem quer que seja. As responsabilidades de punir ficam [agora] a cargo do PT de Mato Grosso.
À Folha Online, disse não temer "cortar na carne".

"Proteção"
O "Miami Herald" dedicou a manchete, uma longa entrevista com a secretária Condoleezza Rice, diversas reportagens, um editorial e duas colunas à defesa, ontem, da transformação da OEA (Organização dos Estados Americanos) num instrumento "para a proteção de democracias vulneráveis" nas Américas.
Vale dizer, "intervenção".

"Oposição"
Já "Los Angeles Times" e "FT" sublinharam a "oposição" dos países latino-americanos à idéia, a começar do Brasil.
E Band News e Globo News deram ontem, com enviados à Flórida, a chegada do chanceler brasileiro Celso Amorim para a assembléia da OEA.

nelsondesa@folhasp.com.br

Texto Anterior: Exclusivo: "Sim, eu preciso da CPI, eu errei", diz Jefferson
Próximo Texto: Defesa: Brasil vai comprar 12 Mirage de segunda mão
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.