São Paulo, quarta-feira, 06 de junho de 2007

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Mais do que irmão

Quem priva da intimidade do presidente da República avalia que o indiciamento do irmão Vavá pela PF embute menos dano potencial do que a presença, entre os presos na Operação Xeque-Mate, de Dario Morelli Filho, faz-tudo de Lula desde meados da década de 90 até a eleição de 2002 e ainda hoje um auxiliar íntimo o bastante para lhe fazer companhia durante o Carnaval passado no Guarujá, litoral paulista.
"O Dario é mais próximo do Lula do que o irmão", afirma um petista graúdo sobre o ex-segurança, agora acusado de corrupção ativa e formação de quadrilha. "Entrava e saía da casa do Lula sem pedir licença."

Multiuso 1. Definição de quem conhece os personagens de longa data: "O Dario é uma espécie de dobradiça do Lula e do Paulo Frateschi" (presidente do PT paulista). Servia tanto para cuidar da segurança como para providenciar a cerveja do churrasco.

Multiuso 2. Assim como Frei Chico, outro irmão de Lula, Dario também era encarregado de "cuidar da família", aí compreendido não apenas o núcleo formado por Marisa e filhos. Foi assim que se aproximou de Vavá.

Pedra cantada. Desde a Operação Têmis se esperava, em Mato Grosso do Sul, por um arrastão que atingisse os chefes da jogatina estadual, escancarada. Ali, ninguém entendeu por que Jamil Names, pai de um dos presos na Xeque-Mate, também não foi indiciado pela Polícia Federal.

Rodado. Nilton Cezar Servo, o último a ser preso na Xeque-Mate e apontado como um dos chefes da quadrilha, realizou no ano passado campanha por uma vaga de deputado federal pelo PSB repleta de sinais exteriores de riqueza. Ainda assim, Servo não conseguiu se eleger.

No caixa um. Quatro dos presos na operação de anteontem registraram contribuições para a campanha de Nilton Servo a deputado federal: Elenilton de Andrade (R$ 26 mil), Antonio Celso Catan (R$ 7,4 mil), João Alex Monteiro Catan (R$ 7 mil) e Reginaldo da Silva (R$ 1 mil).

Quem mandou? Aliados de Renato Porciúncula, líder de uma das facções em guerra na Polícia Federal, juram de pés juntos que Tarso Genro chegou a prometer ao delegado o comando da instituição. O ministro da Justiça não entregou a mercadoria. Agora é apertar os cintos.

Script. Senadores estudam abrir processo contra Renan Calheiros (PMDB-AL) no Conselho de Ética para evitar ações contra o arquivamento sumário da apuração sobre a suspeita de relação promíscua com a Mendes Júnior. Renato Casagrande (PSB-ES) e Aldemir Santana (DEM-DF) são cotados para a relatoria.

Fé. Acusado na Operação Navalha, o governador Jackson Lago (PDT) fundiu sua pasta de Infra-Estrutura, pivô do escândalo no Maranhão, com a de Cidades, cuja titular é Telma Pinheiro, ligada à Assembléia de Deus. "A situação exige muita reza", diz o deputado Domingos Dutra (PT).

Novela. Com o embate entre os relatores das CPIs do Apagão Aéreo da Câmara, Marco Maia (PT-RS), e do Senado, Demóstenes Torres (DEM-GO), um governista concluiu: "É o que dá fazer comissões gêmeas. Agora ficam a Taís e a Paula brigando".

Isca 1. Em reunião com líderes da Câmara ontem, o ministro Mares Guia (Relações Institucionais) chamou deputados do Rio para mostrar a lista de cargos disponíveis no Estado, que preenchiam cerca de dez folhas de papel sulfite.

Isca 2. Ao ver a lista, o líder do PDT, Miro Teixeira (RJ), reagiu de imediato. "Se tem algum cargo aqui atribuído a mim, quero trocá-lo já", disse o deputado, sugerindo que ainda não recebeu qualquer agrado do governo federal.

Tiroteio

"Ao simular surpresa com a Operação Xeque-Mate, Lula parece disposto a qualquer papel para se perpetuar. É o presidente biodigerível".
Do deputado ARNALDO JARDIM (PPS-SP) sobre a reação do presidente Lula diante da notícia de que a PF havia cumprido mandado de busca e apreensão na casa de seu irmão mais velho, Genival Inácio da Silva.

Contraponto

Mil anos depois

O fim da Vila Parisi, que ficava no meio das indústrias em Cubatão, foi anunciado com festa por Franco Montoro em 1985. Mas, durante evento onde seria construído o novo bairro, auxiliares do governador notaram que ninguém tinha cópias do projeto, das plantas das casas e um jornal do dia para que, seguindo a tradição, fossem enterrados numa caixa ao lado da pedra fundamental da obra.
-Enterra qualquer coisa-, sugeriu um assessor.
-Mas isso não é certo!-, reclamou o zeloso deputado estadual Rubens Lara, hoje assessor de José Serra.
Montoro não quis saber de conversa:
-Isso não é problema nosso e sim dos arqueólogos.


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