São Paulo, quarta-feira, 06 de junho de 2007

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Principal alvo da PF é preso em Minas após tentar fugir

Detido com o filho, o empresário de jogos Nilton Cezar Servo é apontado como suposto líder da máfia dos caça-níqueis

Investigação mostra que a suposta quadrilha trazia ilegalmente ao Brasil peças para máquinas caça-níqueis e pagava propina a policiais


DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE
DO ENVIADO A CAMPO GRANDE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

A Polícia Federal prendeu ontem, no interior de Minas Gerais, o empresário de jogos Nilton Cezar Servo, suspeito de ser um dos líderes da máfia dos caça-níqueis, investigada na Operação Xeque-Mate.
A assessoria de comunicação da PF de Mato Grosso de Sul, que centraliza a operação, informou que Servo era o principal alvo da operação e é o nome de maior interesse para as investigações no Estado. Segundo a polícia, Servo está relacionado a atividades ilícitas com caça-níqueis e casas de bingo.
Deflagrada anteontem, a operação prendeu 79 pessoas -duas somente ontem. Seis continuavam foragidas.
As investigações apontam que a suposta quadrilha importava ilegalmente ao Brasil componentes eletrônicos para caça-níqueis e pagava propina a policiais em troca de a máquina não ser apreendida.
O negócio, segundo o delegado Alexandre Custódio, movimentava R$ 250 mil por mês.
Até ontem, 32 depoimentos haviam sido tomados, incluindo o de Dario Morelli Filho, amigo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A PF aponta que Morelli e Servo são sócios de uma casa de jogos caça-níqueis em São Paulo. O advogado Milton Fernando Talzi, que defende Morelli, afirmou que seu cliente e Servo se conheceram em um encontro em uma casa em Caraguatatuba (SP) e negou que Morelli atue no setor de jogos.

Uberlândia
Servo foi preso na tarde de ontem em uma rodovia próxima à cidade de Prata, no Triângulo Mineiro. Ele estava junto com o seu filho Victor Emannuel Servo, contra quem também havia mandado de prisão.
Segundo o delegado Cairo Costa Duarte, da PF de Uberlândia, Nilton e seu filho estavam fugindo quando foram presos. Eles saíram de São Paulo e estavam indo em direção a Uberlândia. Mas, mesmo em fuga, disse o delegado, eles estavam sendo monitorados.
Os agentes da PF os esperaram na estrada. Eles não ofereceram resistência. Desceram, ouviram a voz de prisão e foram algemados. "Ele [Nilton] é o cabeça dessa rede. Literalmente comanda toda a rede de associações de bingos e de caça-níqueis no país envolvidas com várias denúncias de corrupção", disse Duarte.
Por volta das 18h de ontem, Nilton estava preso na PF em Uberlândia, segundo o delegado. Ele será encaminhado para Campo Grande (MS). A polícia disse que por questão de segurança não seria informado quando e como ocorrerá o transporte dos presos.
O advogado Eldes Rodrigues, defensor da família Servo, disse que o outro filho, Nilton Cezar Servo II, e mulher do empresário, Maria Dalva, também presos, nada têm a ver com a máfia dos caça-níqueis.
Rodrigues ainda não respondia por Servo e preferiu não falar sobre a prisão dele.
Desde anteontem à noite, a sala de espera da PF em Campo Grande foi tomada por um grupo de ao menos 30 advogados, alguns vindos de São Paulo, atrás de seus clientes presos. Eles reclamavam que não tinham acesso ao inquérito.
O delegado Alexandre Custódio permitiu que cada advogado conversasse por alguns minutos com seus clientes na noite de anteontem. Custódio informou que parte dos presos seria levada ao presídio federal.
(HUDSON CORRÊA, RUBENS VALENTE E PAULO PEIXOTO)

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