São Paulo, quarta-feira, 06 de junho de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Presidente se queixa e reage com contrariedade

DO ENVIADO ESPECIAL A NOVA DÉLI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Lula reagiu com contrariedade ao ser informado só na manhã de ontem, em Nova Déli, do indiciamento do seu irmão Genival Inácio da Silva, o Vavá, pela Polícia Federal. Queixou-se do ministro Tarso Genro (Justiça), que, na sua opinião, errou ao não confirmar em definitivo a permanência no cargo do diretor-geral da PF, Paulo Lacerda, o que teria estimulado um processo de guerra interna na polícia.
Lula acabou tomando conhecimento do indiciamento depois de caminhar no ginásio do hotel às 6h10 -noite de segunda-feira no Brasil.
A Folha apurou que ele reagiu com palavrões. Primeiro, queixou-se de Tarso por não ter sido avisado do indiciamento com antecedência. Depois, afirmou que Vavá não "tinha cabeça" (capacidade) para fazer lobby e que, portanto, não acreditava em seu comprometimento. Ele também disse que Dario Morelli Filho, antigo amigo de sua família, não tinha habilidade para lobista.
Lula decidiu, então, falar com a imprensa para já abordar o assunto incômodo e não viajar para a reunião do G-8, de hoje a sexta na Alemanha, sem ter se manifestado publicamente. Ou seja, ficaria mais livre para tratar de temas de seu interesse na reunião dos sete países mais ricos e da Rússia.
Segundo versão obtida pela Folha no Ministério da Justiça e no Planalto, Lula soube às 4h de segunda-feira (horário de Brasília, 12h30 na Índia), com duas horas de antecedência, que a PF faria uma operação que atingiria seu irmão.
O presidente teria sido avisado por Tarso Genro. Na conversa por telefone, o ministro teria dito que Vavá seria alvo de uma operação de busca e apreensão em sua residência.
Ainda de acordo com essa versão, Tarso disse a Lula que seu irmão era citado em conversas telefônicas gravadas pela PF que indicavam que ele poderia estar envolvido em tráfico de influência. Acrescentou que Vavá não seria preso.
O presidente teria então desejado saber do ministro se havia autorização judicial para a PF fazer a busca e apreensão. Teria sido informado que sim. O Ministério da Justiça sustenta que, na conversa, Tarso não avisou Lula sobre o indiciamento de Vavá porque ele ocorreu apenas no dia seguinte.
A PF não se pronunciou ontem. A Folha apurou que a cúpula do órgão entrou em contato duas vezes com Tarso Genro. No domingo à noite (horário de Brasília), para avisar que haveria uma "operação sensível". Na segunda de manhã, quando a operação já estava em andamento, para informar que Vavá era um dos alvos.


Texto Anterior: Lula diz não crer em culpa de irmão, mas respalda a PF
Próximo Texto: Principal alvo da PF é preso em Minas após tentar fugir
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.