|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Presidente se queixa e reage com contrariedade
DO ENVIADO ESPECIAL A NOVA DÉLI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Lula reagiu
com contrariedade ao ser informado só na manhã de ontem,
em Nova Déli, do indiciamento
do seu irmão Genival Inácio da
Silva, o Vavá, pela Polícia Federal. Queixou-se do ministro
Tarso Genro (Justiça), que, na
sua opinião, errou ao não confirmar em definitivo a permanência no cargo do diretor-geral da PF, Paulo Lacerda, o que
teria estimulado um processo
de guerra interna na polícia.
Lula acabou tomando conhecimento do indiciamento depois de caminhar no ginásio do
hotel às 6h10 -noite de segunda-feira no Brasil.
A Folha apurou que ele reagiu com palavrões. Primeiro,
queixou-se de Tarso por não
ter sido avisado do indiciamento com antecedência. Depois,
afirmou que Vavá não "tinha
cabeça" (capacidade) para fazer lobby e que, portanto, não
acreditava em seu comprometimento. Ele também disse que
Dario Morelli Filho, antigo
amigo de sua família, não tinha
habilidade para lobista.
Lula decidiu, então, falar
com a imprensa para já abordar o assunto incômodo e não
viajar para a reunião do G-8, de
hoje a sexta na Alemanha, sem
ter se manifestado publicamente. Ou seja, ficaria mais livre para tratar de temas de seu
interesse na reunião dos sete
países mais ricos e da Rússia.
Segundo versão obtida pela
Folha no Ministério da Justiça
e no Planalto, Lula soube às 4h
de segunda-feira (horário de
Brasília, 12h30 na Índia), com
duas horas de antecedência,
que a PF faria uma operação
que atingiria seu irmão.
O presidente teria sido avisado por Tarso Genro. Na conversa por telefone, o ministro teria
dito que Vavá seria alvo de uma
operação de busca e apreensão
em sua residência.
Ainda de acordo com essa
versão, Tarso disse a Lula que
seu irmão era citado em conversas telefônicas gravadas pela PF que indicavam que ele poderia estar envolvido em tráfico de influência. Acrescentou
que Vavá não seria preso.
O presidente teria então desejado saber do ministro se havia autorização judicial para a
PF fazer a busca e apreensão.
Teria sido informado que sim.
O Ministério da Justiça sustenta que, na conversa, Tarso não
avisou Lula sobre o indiciamento de Vavá porque ele ocorreu apenas no dia seguinte.
A PF não se pronunciou ontem. A Folha apurou que a cúpula do órgão entrou em contato duas vezes com Tarso Genro. No domingo à noite (horário de Brasília), para avisar que
haveria uma "operação sensível". Na segunda de manhã,
quando a operação já estava em
andamento, para informar que
Vavá era um dos alvos.
Texto Anterior: Lula diz não crer em culpa de irmão, mas respalda a PF Próximo Texto: Principal alvo da PF é preso em Minas após tentar fugir Índice
|