|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Liminar judicial suspende verba extra de R$ 15 mil de deputados e senadores
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
No dia em que promulgou
aumento de 28,5% nos salários
dos 594 deputados e senadores,
o Congresso Nacional foi notificado de decisão judicial suspendendo o pagamento mensal
aos parlamentares da verba de
R$ 15 mil destinada ao reembolso de supostos gastos nos
Estados.
Em sua decisão liminar (válida até o julgamento final, caso
não seja cassada antes), a juíza
Mônica Sifuentes, da 3ª Vara
Federal do DF, diz que a verba é
excessiva e violaria "essencialmente o princípio (constitucional) da moralidade administrativa".
A liminar foi concedida a
uma ação popular movida pelo
ex-deputado federal João Cunha (SP). Na sua ação, Cunha
classificou a verba como "imoral" e "escandalosa". A Câmara
e o Senado afirmaram que vão
recorrer da decisão.
A chamada "verba indenizatória" se destina ao reembolso
de gastos como aluguel de escritório, gasolina, alimentação
e "divulgação do mandato parlamentar". Criada em 2001 pelo então presidente da Câmara
e hoje governador de Minas Gerais, Aécio Neves, a verba foi
instituída no Senado em 2003 e
tem sido alvo de freqüentes
suspeitas de irregularidades.
Neste ano, a Folha mostrou
que deputados usaram os recursos para comprar reportagens favoráveis na imprensa
regional, além de cobrarem por
supostos gastos efetuados em
janeiro, época em que o Congresso está de recesso.
"A simples leitura do dispositivo que a instituiu leva-nos à
conclusão (...) [de que ela cobre] as mesmas verbas que, pagas a outros títulos, estariam
sendo novamente reembolsadas", afirma a juíza em sua decisão.
O salário dos congressistas é
hoje de R$ 16,5 mil (a promulgação do aumento saiu ontem
no "Diário Oficial da União").
Estudo da Fundação Getúlio
Vargas de dezembro, encomendado pela Câmara, sugeriu
a redução da "verba indenizatória" de R$ 15 mil mensais para R$ 12 mil, já que identificou
um crescimento entre 2001 até
aquela data de 114% em seu valor, apesar de a inflação acumulada (IPCA) ter ficado em
51%.
"Talvez essa decisão reabra a
discussão sobre a redefinição
das verbas, o que foi deixado de
lado durante a discussão do
reajuste dos salários", afirmou
o deputado Chico Alencar
(PSOL-RJ). A maioria dos parlamentares, entretanto, reagiu
com irritação. "Essa decisão é
totalmente descabida, impertinente. Qualquer pessoa que
exerça uma atividade tem o direito de ser reembolsada por
gastos que teve no exercício da
profissão", disse o líder da bancada do PSDB na Câmara, Antonio Carlos Pannunzio (SP).
Texto Anterior: CPI: Deputados afirmam ter as 171 assinaturas necessárias Próximo Texto: Operação Furacão: Juiz recebeu R$ 80 mil para dar decisão favorável, diz PF Índice
|